Nino Millan cria esculturas onde o ferro e o aço respondem dóceis aos imperativos da composição

Museu da Escultura ao Ar Livre
27/12/2006 14:57

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Recortes Verticais<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Nino Millan obra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Nino Millan<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Nino Millan.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A chapa de ferro e o aço inoxidável são os materiais sobre os quais Nino Millan trabalha há tempos com o esmeril, a chama oxídrica e os instrumentos afins. Feita de sinais significativos, de áreas neutras e de luzes instáveis, sua obra transforma-se num conto explicitamente ambíguo e alusivo: um conto feito.

São grandes superfícies caracterizadas por uma insólita e sugestiva sucessão de campos operativos, côncavos e convexos, de inefáveis fermentações dos ingredientes usados e de nítidas e improvisadas flutuações de cores. É evidente que o artista tende a incidir "na luz" com particulares efeitos de ressonâncias internas.

O rigor do procedimento operacional de Nino Millan corresponde, como não poderia deixar de ser, à sua índole meditativa e severa: uma índole que consente a esse escultor se orientar, decisivamente, em direção de novos desenvolvimentos das relações entre projeto e destino, entre positivo e negativo. Assim nascem os espaços vazios em suas esculturas, que, integradas, se confundem na paisagem e lembram colinas e montanhas.

Um novo misticismo emerge de suas superfícies, a cor pura do ferro modela amplos planos e nos dá uma síntese das imagens. Trata-se de um contínuo dar, passando do conteúdo à forma e da forma ao conteúdo.

No abstracionismo, a cor, o ferro, o granito, o plástico e o papel parecem se rebelar nas mãos dos artistas e permanecem os protagonistas absolutos do fato estético, colocando em segundo plano tudo o que a tradição artística nos deixou de herança.

Na obra Recortes Verticais, doada ao Museu da Escultura ao Ar Livre, assistimos a uma espécie de reconciliação entre o artista e a matéria em que ele opera. O ferro, o aço, materiais certamente não tradicionais, respondem dóceis aos imperativos de sua composição.

O artista

Nino Millan, pseudônimo artístico de Firmino Martinez Millan, nasceu em São Paulo, em 1956, filho de pais originários da Catalunha (Espanha). Artesão, projetista, artista plástico e designer, é autodidata. Após seus estudos secundários e cursos de projetos de ferramentas, desenho mecânico e desenho projetista, passou a se dedicar à ferramentaria, profissão original de seu pai, a quem ajudava desde os 12 anos de idade.

O que era inicialmente um lazer de final de semana foi tomando um espaço cada vez maior em sua vida. A tal ponto se envolveu com o mundo do ferro que muito cedo abriu uma indústria metalúrgica, nela executando vitrôs, janelas e portas.

Nos últimos anos, entretanto, vem adquirindo conhecimentos técnicos por meio de cursos de artes plásticas, notadamente no Museu Brasileiro de Escultura, em São Paulo, com a professora Vera Martins. Foi assistente dos irmãos Campana. Está presente no II Anuário Brasileiro de Artes Plásticas. Vive na Freguesia do Ó há 45 anos.



Suas peças de design são bem variadas. Já realizou um trabalho temático, revelando a silhueta em ferro de mulheres em diversas situações. Além disso, desenvolve uma pesquisa com ferrugem.

Entre as diversas exposições de que participou, destacam-se duas mostras: uma na Casa da Cultura da Freguesia do Ó e outra nos jardins do Horto Florestal da Cantareira. Participou recentemente de uma mostra coletiva no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) e no Espaço Cultural V Centenário da Assembléia Legislativa.

alesp