Do que morrem os brasileiros?

Opinião
06/09/2005 14:45

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Deputado Afanásio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Uma pesquisa sobre manchetes de jornais paulistas das últimas semanas, descontado o assunto principal, que tem sido a crise do governo petista, levou a resultados curiosos, como este título: "Poluição mata 8 por dia na Capital". Outra manchete apontou: "Álcool aparece em 43% das mortes no trânsito". O destaque da página de saúde de um grande jornal foi "Mulheres fumam quase tanto quanto os homens no Brasil", apresentando ligação entre o cigarro e o alto índice de câncer e de problemas cardíacos na população feminina do País.

Também não têm faltado reportagens sobre as seqüelas que as drogas ilegais provocam em pessoas viciadas em maconha, cocaína e crack. Entre uma e outra manchete desse tipo, foi possível relembrar que estamos às vésperas do referendo de 23 de outubro para o Brasil decidir se aprova ou não a proposta que proíbe a comercialização e o uso de armas e munições.

Diante de causas tão banais de mortes de brasileiros, como o vício em álcool, cigarro e drogas, os acidentes de trânsito e até a poluição, lanço estas perguntas. Ainda tem gente acreditando que a proibição de armas aos cidadãos comuns reduzirá os índices de violência e criminalidade? Os bandidos também ficarão desarmados? Ou será confiscado só o direito de gente de bem que gostaria de recorrer a armas para se defender de ataques dos bandidos? Uma pesquisa apontou queda do número de homicídios com armas em 2004, mas ninguém deve ir na onda: isso nada tem a ver com o Estatuto do Desarmamento.

Na condição de cidadão, jornalista, radialista e parlamentar, tenho manifestado meu ponto de vista contrário a esse malfadado Estatuto idealizado por teóricos dos "direitos humanos" nos tempos do governo FHC e consolidado no governo Lula. Já avisei que sou contra os gastos com esse referendo e que, já que haverá a consulta popular, só existe uma resposta coerente: dizer "não" à proibição de armas.

Alguns veículos de comunicação, entre os quais a maior rede de TV do País, adotaram o estilo faccioso de fazer campanha demagógica contra as armas. Porém, também percebo que, nos últimos dias, aumentaram os comentários e artigos veiculados na mídia com opiniões semelhantes à minha, o que não deixa de ser algo animador. Quem pensa não age por pressão de uma simples propaganda. É preciso refletir sobre fatos.

As notícias mostram pesquisas contundentes. Segundo o Núcleo de Estudos para o Meio Ambiente da USP, oito paulistanos morrem por dia, em decorrência de doenças relacionadas com a poluição. Mesmo os que decidem morar em cidades do Interior acabam levando os danos adquiridos na Capital e vivem um ano e meio menos do que o normal. E o que dizer das mulheres que insistem em fumar mesmo sabendo que o cigarro provoca câncer no pulmão e problemas cardiovasculares? O álcool, outra droga legal, é responsável por grande parte das mortes no trânsito.

E ainda aparecem os teóricos de plantão para falar em proibir armas? Esta é mesmo a realidade do Brasil?



Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

alesp