Com vigorosa coerência, a pesquisa de José Armando Ferrara alcança uma nova visão que confirma o precedente empenho de absoluta racionalidade e de lógica do espaço e da cor. Ao mesmo tempo em que trata de uma verificação no plano da sensibilidade e da emoção, sua obra se abre em direção a uma liberação total.Essencial, simples e imediatamente humana, sua pintura transmite uma felicidade feita de lugares e de imagens, de horas e de coisas filtradas interiormente e capazes de conservar o sentimento que acompanha o nascimento da obra. Personalidade completa que passa com extrema facilidade de uma ação a outra no campo cultural, esse artista é um criador no sentido mais amplo do termo e um teórico em perspectiva. Por sua formação e em virtude dos trabalhos atuais, está hoje mais próximo da pintura geométrica e construída do que da naturalista ou descritiva de antes.Seriedade e coerência são pontos marcantes na obra de José Armando Ferrara. O conhecimento que possui do desenho e da cor fazem com que seu geometrismo evite uma certa frieza plástica. O olhar do espectador perscruta a obra e ali encontra uma atmosfera envolvente e uma evocação de amor atávico pelo solo nativo."Emoções", obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, reflete a força da terra, representada por um globo em movimento com seus quatro quadrantes, onde com uma pena a nanquim o artista cria ziguezagues e linhas que serpenteiam ou flutuam no espaço decididamente instável, mas que indicam os sulcos dessa mesma terra.O ArtistaFerrara, pseudônimo artístico de Jose Armando Ferrara, nasceu em São Paulo em 1938. Formou-se no curso de Artes Gráficas do Senai, em 1955, e na Escola de Arte Dramática, em 1961. Cenógrafo, designer gráfico, arquiteto, pesquisador, organizador de eventos, foi durante anos diretor de cenografia da TV Cultura.Desenvolveu, entre outros projetos, a cenografia de "Morte e Vida Severina", no Teatro da PUC, em 1965, "Medeia", no Teatro Anchieta, em 1970 e "O Carrasco do Sol", no mesmo Teatro, em 1973. Trabalhou com cenários de TV, sendo o responsável pelos programas "Meu Pedacinho de Chão" (1971), "Vila Sézamo" (1972) e "Um Banda Um" (1982).No campo das artes plásticas obteve, em 1964, uma bolsa de estudos como prêmio no Salão Anual de Cursos Livres. Também foi premiado com o primeiro lugar no Salão de Artistas Plásticos Universitários, em 1965. Suas exposições individuais de maior destaque foram na Galeria Directa, em 1965 e na Galeria Artécnica, em 1966.Possui obras em diversas coleções particulares e no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.