Cerca de 100 pessoas que participaram nesta segunda-feira, 5/12, da audiência pública sobre exploração sexual de crianças e adolescentes aprovaram, por unanimidade, o texto "Por um Pacto pela Infância e Juventude", proposto pela deputada Beth Sahão (PT). Ela coordena a Frente Parlamentar Contra a Exploração Sexual Infanto-juvenil, instituída pela Assembléia Legislativa de São Paulo em março deste ano com o apoio de 20 parlamentares.O texto propõe que se rompa o "pacto de silêncio que encobre a situação de abuso e exploração de crianças e adolescentes" e que, por outro lado, sejam pactuadas ações dos poderes públicos e da sociedade civil para proteger a infância deste crime. O documento ressalta ainda a importância do investimento em educação como um instrumento de prevenção.Participaram da audiência representantes de 32 cidades do interior paulista. O público era formado essencialmente por membros de conselhos tutelares, de conselhos de direito da criança e adolescente, dos poderes Executivo e Legislativo.Osni Pereira, Juiz da Infância e Adolescência de São José do Rio Preto, participou da abertura do evento e avaliou que os casos de exploração sexual ocorrem principalmente combinados com o uso de entorpecentes. Segundo ele, as vítimas, muitas vezes, deixam-se explorar para adquirirem a droga.Maria do Carmo Lopes, secretária de Educação de Porto Ferreira, disse que as denúncias ocorridas na cidade fizeram o poder público ver a educação como um caminho para a prevenção ao crime. A cidade ganhou projeção negativa no noticiário nacional em decorrência de denúncias envolvendo várias pessoas da cidade, inclusive políticos, com a exploração sexual.Pedro Pontual, representante da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, apresentou ações e metas do governo federal e ressaltou a importância da denúncia. "A omissão também é crime", disse.A deputada Beth avaliou que esta audiência apontou às entidades e autoridades presentes alternativas de políticas públicas que são eficazes na prevenção e no enfrentamento deste tipo de crime.Janaína Simão, do Conselho Tutelar de São José do Rio Preto, relatou o trabalho do projeto Revelação, desenvolvido na cidade. Por meio do trabalho de terapeutas, os conselheiros conseguem identificar situações de exploração onde havia somente uma dúvida.A delegada Maria Cecília de Castro, da Delegacia de Direitos da Mulher de Catanduva, atende denúncias de exploração sexual e observou que muitas vezes a vítima não se sente explorada nem vitimada, o que dificulta o trabalho da polícia e a consolidação da denúncia. "trocar experiências e debater as dificuldades no trabalho aponta novos caminhos, por isso a realização deste tipo de reunião é tão importante", disse Beth. Desde o início dos trabalhos da Frente a parlamentar já realizou mais de 20 audiências no interior do Estado e um encontro estadual em São Paulo.bsahao@al.sp.gov.br