Audiência debate políticas públicas para a juventude paulista


11/12/2003 20:42

Compartilhar:

Deputado Roberto Felício (segundo à direita) coordena audiência, ao lado do vereador Nabil Bonduk (primeiro à direita) <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Juventude11dezB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Audiência discute o que é ser jovem em São Paulo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Juventude11dezA.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Coordenada pelo deputado Roberto Felício (PT), a Assembléia Legislativa realizou na tarde desta quinta-feira, 11/12, audiência pública para debater as políticas públicas para a juventude paulista.

As discussões sobre o tema ainda são recentes e, conforme explicou o vereador Nabil Bonduk, vice-presidente da Comissão da Juventude na Câmara Municipal de São Paulo - "a primeira Casa Legislativa do país a instalar uma comissão para os jovens" - limitadas. "Para conhecermos os principais grupos de jovens na cidade, o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea, Cedec, confeccionou o mapa da juventude, que contêm dados sobre as principais atividades do jovens de 15 a 24 anos".

O vereador lembrou que a sociedade costuma se referir aos jovens como apáticos, alienados e pouco participativos, mas essa imagem não representa a realidade. "A comissão identificou cinco mil grupos juvenis na cidade, mas o Cedec verificou que existem cerca de 1.600 grupos juvenis cadastrados em São Paulo, com mais de 300 mil participantes (100 mil com faixa etária de 15 a 24 anos e 120 mil grupos com participação mista)".

Como o vereador, todos os componentes da mesa foram unânimes ao dizer que as casas legislativas devem ter espaço para a juventude e promover novas formas de diálogo. "O jovem pode renovar a cultura política no nosso país", declarou o vereador.

O que é ser jovem em São Paulo?

Para Alexandre Youssef, coordenador geral da Coordenadoria Especial da Juventude da Prefeitura de São Paulo, ser jovem é conviver com o abismo social que impõe limites e, na maioria das vezes, obriga os jovens a mudarem seus sonhos por estratégias de vida. "O pior abismo existente na sociedade são as diferenças de oportunidade, seguido pelo acesso à cultura e à falta de compreensão aos anseios da juventude".

Youssef também considerou o problema das drogas, da violência e as várias praticas de racismo como grandes vilões sociais e destacou: "É impossível discutirmos políticas públicas para os jovens se não entendemos o que eles querem dizer. Esse é outro abismo que deve ser eliminado."

O mapa da juventude

Os jovens entre 15 e 24 anos representam cerca de 20% da população brasileira. De acordo com estudos do IBGE para o Instituto Cidadania e o Projeto Juventude, baseados em dados do ano 2000, o Brasil tem cerca de 33 milhões de jovens, dos quais 80% moram na zona rural. Os números da exclusão juvenil impressionam, não por seu aspecto positivo, mas por indicarem que exatamente metade dos jovens brasileiros não freqüentam a escola.

No início desta semana foi realizado no Parlamento paulista um seminário sobre o mapa da exclusão das crianças da escola. O estudo se baseou em crianças e adolescentes de 7 a 14 anos e indicou que, só no Estado de São Paulo, em torno de 3,2% das crianças não estudam. Em números absolutos, São Paulo é o Estado detentor de maior número de exclusão cultural, com 168 mil alunos sem estudo, ou seja, 11,28% do número nacional.

Aylene Bousquat, do Cedec, apresentou o mapa da juventude na cidade de São Paulo. Segundo ela, em decorrência do pouco tempo para a coleta e separação dos dados, não foi possível fazer análise profunda das diferenças sociais. "Para facilitar a pesquisa, a cidade foi dividida em cinco grupos, segundo a classificação social (zonas um, dois, três, quatro e cinco)", exemplificou Aylene Bousquat.

Escola

84% dos estudantes moram na z-1, 69% na z-2, 65% na z-3, 61% na z-4 e 57% na z-5.

Internet

A diferença é significativa mas, para o Estado de São Paulo, a percentagem é considerada alta. 38% dos jovens acessam rede, contra 62% que não têm acesso à internet. Neste quadro, 72% são da z-1 e 24% da z-5".

Mercado de Trabalho

A inserção no mercado de trabalho, seja formal ou informal, ficou dividida da seguinte forma: 44% são da z-1, 35% da z-2, 35% da z-3, 29% da z-4 e 32% da z-5.

Filhos

O maior número de mães entre 15 e 24 anos pertencem à z-5, com 18% contra 3% na z-1.

Grupos de jovens

Constatamos 1.609 grupos cadastrados, a maioria na z-4, com 17%. "Em média, o município tem 13% de participação ativa em grupos ou ONG's. Encontramos algumas dificuldades em cadastrar esse item por medo dos participantes de a prefeitura cobrar algum tipo de taxa ou imposto", declarou a representante do Cedec.

O deputado Roberto Felício anunciou para a próxima terça-feira, 16/12, às 14h, a realização de uma audiência contra a redução da maioridade penal. O evento deve ocorrer no auditório Teotônio Vilela e contará com as presenças dos deputados do PT e de diversas entidades sociais e de direitos humanos contrárias à manifestação pela redução da idade penal.

Participaram da audiência desta quinta-feira Alexandre Youssef, coordenador geral da Coordenadoria Especial da Juventude da Prefeitura de São Paulo, de Aylene Bousquat, do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), Preto Ghoez, do Movimento Hip Hop, Ramon Szermeta, secretário estadual da Juventude do PT, Nabil Bonduk, vereador e vic-e presidente da Comissão de Juventude da Câmara Municipal de São Paulo.

alesp