Como foi ser escolhido presidente da Constituinte? Ser o presidente da Assembleia é um orgulho muito grande. Ser presidente da Constituinte não é orgulho, é um dever, uma obrigação muito importante. Eu senti o peso da responsabilidade e senti que São Paulo teria de ter a melhor Constituição já feita. Sem dúvida, além de presidir todo esse processo e da emoção que isso foi, proclamar a Constituição foi o momento marcante. A sensação, compartilhada por todos os deputados, foi a de dever cumprido, de honrar o trabalho desenvolvido. Como resultado, mostramos ao Brasil que São Paulo é um Estado líder. E a convivência com tantas siglas? Falar da Constituinte é algo muito amplo. Tínhamos dez partidos, com posições radicais de esquerda e de centro. Eu poderia afirmar que todas as diferenças ideológicas foram resolvidas em Plenário. Todos os parlamentares entenderam a importância do momento. Avançaram, recuaram e fizeram para São Paulo, com toda a certeza, um trabalho extraordinariamente bom. Além destes embates, o trabalho da Constituinte era carregado de emoção. Eram 24 horas por dia... talvez seis horas de sono, mas o resto era de pura emoção. E a participação popular? Muitos gestos foram feitos para que a população participasse. O mais importante foi a contribuição que os canais de comunicação deram à Assembleia Legislativa. Sem cobrar um tostão, eles deram uma importante contribuição em benefício do Poder Legislativo e da Constituição que estava sendo formada. Quero render minhas homenagens às TVs Globo, Bandeirantes, Manchete, Cultura e SBT. Todas eles tinham uma pessoa responsável, mas quero destacar aqui um nome, o de João Saad, da Bandeirantes. Esse homem fez um trabalho de apoio, de contribuição, para que pudéssemos nos comunicar com todos os paulistas. Ele reservou um minuto no horário nobre e dois minutos no horário normal para a divulgação dos trabalhos constituintes. Como foi este período de retomada da democracia? Naquele momento pós-revolução de 1964, o sonho era ter uma nova Constituição. Ulisses Guimarães liderava e, depois de muito trabalho, da vitória de Tancredo Neves, decidiu-se convocar a Assembleia Nacional Constituinte. O doutor Ulisses, que fez a Constituição Cidadã, mostrou a todo o Brasil a necessidade que o povo tinha de ter uma nova Carta. Todos sabiam que para o processo democrático era importante ter uma nova Constituição. Pessoalmente como foi participar deste processo? A elaboração da Constituição, para mim, foi fazer aqueles que não tinham nada passarem a ter tudo, porque foram garantidos avanços nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, Justiça e em muitas outras áreas. Quem fez a diferença? Muitos segmentos da sociedade foram de grande ajuda. Os funcionários da Casa, esses grandes colaboradores que a Assembleia tem, merecem destaque. Poderia citar dois nomes representando a todos eles: doutor Andyara e dona Yeda. Também queria fazer um agradecimento público a uma senhora que se chama Maria Alice Ferraz. Ela forneceu a nós, que necessitávamos de ajuda, a vinheta da chamada dos minutos na TV. Ela criou e mandou uma bandeira de São Paulo estilizada como uma contribuição pessoal à Constituinte. 1989: Você se lembra? O Volkswagen Gol GTI lançado em 1989 foi o primeiro carro nacional a oferecer injeção eletrônica de combustível. É bom lembrar que a importação de automóveis no Brasil só ganhou espaço no início dos anos 90, quando o então presidente Fernando Collor de Mello chamou os carros nacionais de "carroças" e deu início à abertura da economia para as importações, com o fim de reservas de mercado.