Numa coerência moral com a ciência, a pintora Alice Carracedo busca com ansiedade a pintura em campos visualmente desconhecidos e somente fruto da intuição. A artista pode ser considerada a inventora de uma pintura que nós permitimos batizar de "átomo-cromática": com efeito, o termo átomo é perfeitamente adequado no seu significado etmológico de "indivisível", como no atual de movimento e de energia.

De suas telas, de fato, nasce uma indefinível sensação de movimento, de força e de vida. Poderíamos até mesmo defender a idéia que são visíveis as vibrações das cores provenientes de milhares de minúsculos átomos criados por essa paciente e laboriosa artista. O dinamismo de suas obras não dá trégua às formas e não dá espaço a recordações, trata-se de uma pintura espaial e cósmica.

Na obra de Alice Carracedo predominam cores etéreas, lunares e siderais que projetam, do espaço celeste, massas astrais em harmonia com as recentes pesquisas cientificas. Resultado de um cuidadoso estudo extraterrestre, com pictórica aderência, ela executa este gênero de pintura colocando suas invenções, seus sonhos e suas ilusões, diante da centelha da arte. O todo, com fantasia, perícia e escrúpulo.

A artista se exprime com essa atenta e profunda pesquisa que lhe serviu para aprofundar os próprios temas até alcançar uma relação forma-cor. Sua arte alcançou uma grande maturação e a encontrarmos na sua desinvolta impostação compositiva e de uma atenta elaboração cromática.

As obras "Velocidade de luz cósmica I e II", doadas ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, são o resultado da criatividade de um ser pensador e de um poeta que escreve nas telas não por simples fantasia.



A Artista

Alice Carracedo, pseudônimo artístico de Alice Gonzalez de Souza Carracedo, nasceu em 1954 na cidade em São Paulo. Formou-se na Escola de Arte da Fundação Armando Álvares Penteado, com os professores Samboné, Flávio Motta, Nelson Nóbrega e Barboso. Realizou ainda diversos cursos de pintura no Brasil e no exterior e também ministrou vários cursos em São Paulo.

Sua primeira exposição foi "Manhã de Carnaval" na FAAP, SP em 1962. Participou ainda das seguintes mostras: Salão de Arte Moderna de Piracicaba, SP (1972); "Nanquins de Boi", V Salão de Arte Universitária, Belo Horizonte, MG; I Mostra Brasileira de Tapeçaria, SP (1974); Galeria Alephi e Galeria Blaise de Saint Maurice, Paris, França; Galeria L'Artortheque Palais de La Scala, Monte Carlo, Principado de Mônaco; "Azul Liberdade", Salão de Artes Plásticas de Piracicaba, SP (1975); "Trienal de Tapeçaria", Museu de Arte Moderna de São Paulo (1976 e 1979); III Concurso Nacional de Artes Plásticas, Espaço Cultural Parthenon Center, GO (1977); "A linguagem da América Latina", Centro Cultural Villa Parisi, Paris, França; Instituto Nacional de Belas Artes, Museu de Artes Alvary Carrilo Gil, México (1978); "Liberdade", IV Salão de Artes Plásticas de Matão, SP; "Dia do Aviador", I Salão de Artes Plásticas de Bauru, SP; V Mostra do Museu de Arte Moderna de São Paulo; IV Mostra Belas Artes Brasil Japão (1979); II Salão Nacional de Artes Plásticas Santos Dumont (1981); II Salão Araraense de Tapeçaria Contemporânea, SP; "Artistas Contemporâneos", Associação do Banco do Brasil, SP (1982); "Voltar-se a si mesmo", SESC, SP; Associação Internacional de Artistas Plásticos, UNESCO, Galeria Prestes Maia; "Várias Tendências", Itu, SP (1983); "Seis Pintores Contemporâneos" e "I Panorama de Alice Carracedo", SESI, SP (1984); "Jornada de Solidariedade ao Povo Paraguaio", Foz do Iguaçu, PR (1985); Centro Cultural Vergueiro Internacional, SP (1986); "Gravura em Metal", Centro Campestre SESI, SP (1987); "Conceito Têxtil", Galeria Adolfo Best Maugard e Museu Morilia Michoacan México; "Expo América 92", Museu de Arte Brasileira, SP (1992); "Cósmica suas cores, Velocidade e Permeabilidade", Espaço Cultural Julio Prestes, SP (1995); "Unfoling Paper Brasil Índia", 8 Aurangzeb Road, Nova Délhi, Índia (1997); "Uma Viagem de 450", Sesc, SP (2004).