A obsessão de Dácio Bicudo na pintura: a solidão do homem e seu tormento existencial

Acervo Artístico - Emanuel von Lauenstein Massarani
15/12/2004 14:00

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Obra Grávidos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Dacio Bicudo Gravidos.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dácio Bicudo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Dacio Bicudo.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Cabeça<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Dacio Bicudo - Cabeca.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A concepção de vida de Dácio Bicudo parece-nos claramente fatalista. A tragédia da vida moderna está para o pintor no fato que o homem perdeu a fé no sobrenatural e como resultado vê a si próprio cada vez mais insignificante. Colorista por excelência, suas cores vivazes chegam à audácia através de corajosas e instintivas pinceladas que transformam sua extraordinária linguagem, às vezes violenta e trágica, outras vezes irônica, mas absolutamente pessoal.

Sua pintura possui uma potencia pouco comum e é amadurecida na convicção de criar uma verdade não falseada de relações impostas pelas conveniências e instrumentalizações. Em sua mensagem nada nos parece determinar. O artista é ao mesmo tempo romântico, egocêntrico e até mesmo autobiográfico. Chegamos a acreditar que o microcosmo de sua existência pessoal é a sua própria concepção de vida.

É difícil encontrar na pintura de nossos dias uma denuncia total e agressiva como a elaborada por esse artista. A sabia folia de Dácio Bicudo irrompe em imagens dramáticas, estranhas, irônicas, impetuosas e até mesmo cruéis. Será a libertação de um incubo que outros tendem marginalizar ou de um presente que se pretende esquecer?

Essa exigência de "trans-formar" rapidamente leva o artista à representação de um mundo de obsessão que pode ser veículo mordente de uma solução crítica em nível de subversão, como é caso das obras "Grávidos" e "Cabeça", pinturas doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

A humanidade que Bicudo retrata, fala de solidão do homem, de seu tormento existencial. Trata-se de uma posição de difícil acesso pois que rejeita aquela imaginária estaticidade que o observa e é comumente levada a encontrar na obra de arte.



O Artista



Dácio Bicudo nasceu em São Paulo, em 1948. Cursou inicialmente a Escola Contemporânea de Artes e formou-se pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Realizou estágio com o consagrado artista e arquiteto Flávio de Carvalho.

Em reconhecimento de seu trabalho artístico recebeu diversos prêmios nos mais conceituados salões de arte, destacando-se entre eles medalha de bronze no I Salão Nacional Bandeirantes de Artes (1986) e medalha de bronze no II Salão Internacional de Artes Plásticas das Nações, SP (1987).

Entre as diversas exposições que participou, destacam-se: Centro Cultural São Paulo (1984); I Salão Nacional Bandeirantes de Artes Visuais, SP (1986); II Salão Internacional de Artes Plásticas das Nações, SP (1987); Galeria Mont Serrat, Nova Iork, EUA (1998); "México Imaginário", Casa das Rosas, SP; "Ópera Aberta", Casa das Rosas, SP; "Brazilian Euphoria", Latinarte Gallery, Miami Beach, EUA (2002).

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