Futuro da hidrovia Tietê-Paraná reúne frentes parlamentares em passeio pelo rio

Parlamentares querem que governo do Estado implemente o turismo e otransporte de carga fluvial
07/10/2011 20:23

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2ª reunião conjunta das frentes das Hidrovias e Apoio ao Turismo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/FrenteHidro06out11Marco3.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Márcio França, João Caramez, Célia Leão e Edson Aparecido<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/FrenteHidro06out11Marco1.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/FrenteHidro06out11Marco2.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Barco Almirante do Lago<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/FrenteHidro06out11Marco.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A bordo do barco Almirante do Lago, os coordenadores da Frente Parlamentar das Hidrovias, deputado João Caramez (PSDB), e da Frente Parlamentar de Apoio ao Turismo, deputada Célia Leão (PSDB), realizaram a 2ª reunião conjunta das frentes nesta quinta-feira, 6/10.

O encontro aconteceu no passeio realizado ao longo dos 8 quilômetros que ligam o Cebolão à ponte do Piqueri, na marginal do Tietê, e reuniu representantes de diversos órgãos públicos ligados às duas áreas, profissionais de turismo, imprensa, estudiosos e dois secretários estaduais: Edson Aparecido, de Desenvolvimento Metropolitano, e Márcio França, de Turismo.

Segundo as palavras de João Caramez, o cenário da reunião tinha como objetivo sensibilizar os vários atores para garantir o empenho do governo do Estado na ampliação da hidrovia e na implementação do turismo fluvial ao longo do Tietê, inclusive na região metropolitana da capital, e estimular os operadores de turismo a criarem pacotes que incluam a navegação fluvial.

"Se você reparar, São Paulo tem na sua área um anel hidroviário quase completo, formado pelo rio Tietê, rio Pinheiros, Guarapiranga e Billings. Para sua total intersecção necessitaria da construção de um canal de 28 quilômetros, que atingiria o reservatório de Taiaçupeba, formando uma rede para o transporte de cargas e de passageiros", argumenta Caramez.

"A realização de um inventário dos gargalos e a proposta de soluções é um papel que a Frente das Hidrovias vem fazendo, agora em conjunto com Frente do Turismo. Precisamos tirar todas as dúvidas quanto à viabilidade do que está sendo proposto e garantir que o governo assuma como prioritário o uso da hidrovia", completou.

Para o parlamentar, já houve ganhos junto ao governo do Estado, que passou a considerar a hidrovia em seu planejamento. Caramez lembrou que recentemente houve a assinatura de um termo de cooperação entre o governador Alckmin e a presidente Dilma que irá trazer recursos da ordem de R$ 1,5 bilhão e investimentos na extensão da hidrovia até o município de Santa Maria da Serra, próximo a Piracicaba, criando desta forma outro polo de desenvolvimento. "Hoje a hidrovia tem início em Salto e vai até Conchas, com esses recursos, será possível incorporar mais 200 quilômetros de curso, totalizando mil quilômetros dos 2,4 mil quilômetros da hidrovia Tietê-Paraná.



Gargalos



O alargamento de pontes é algo que deve ser feito de imediato, pois isso permitiria comboios de quatro barcaças, cada uma com carga de 600 toneladas. Hoje, a falta de espaço obriga que nestes trechos a passagem seja feita barcaça por barcaça, aumentando o tempo de transporte, o que acarreta aumento de custo.

Segundo Caramez são necessárias várias obras civis, inclusive atracadouros e eclusas, como a de Santa Maria da Serra.

Para a atividade de turismo, uma das dificuldades é de ordem institucional. É muito difícil para o investidor obter licença para construir equipamentos ao longo das margens que são controladas pela AES Eletropaulo ou pela Cesp, o que inibe, por exemplo, a construção de resorts.

Outra dificuldade apontada pelo coordenador da Frente das Hidrovias é a poluição ainda existente em diversos trechos do rio, apesar do empenho do governo, que projeta para 2020 o fim do despejo de esgoto no Tietê.

A deputada Célia Leão afirmou que o turismo fluvial é mais um aspecto da expansão do turismo no Estado, pois São Paulo é muito mais do que o turismo de negócios.

A parlamentar lembrou que o Tietê, além de navegável, abrigava, por volta de 1950, diversas provas de natação e era utilizado para o lazer dos paulistanos. Com a poluição, o rio perdeu seu encanto e passou a ser maltratado. Reiterou que o objetivo do trabalho conjunto das frentes é restituir a dignidade deste corpo d"água e explorar seu potencial como gerador de negócios na área comercial e turística.



A regionalidade do rio



O Tietê corta 36 municípios da região metropolitana e a solução para sua utilização como meio de transporte comercial e turístico tem de ser pensada em perspectiva regional, afirma o secretário Edson Aparecido.

Na implantação da região metropolitana da grande São Paulo, que terá sua primeira reunião daqui a 15 dias, o primeiro passo é a constituição das câmaras temáticas, e esses dois temas farão parte de uma comissão temática. Dessa forma, os 39 prefeitos da região metropolitana poderão contribuir, fazer parcerias com o governo estadual e federal, afirmou Aparecido. "Dentro das possibilidades de explorar este potencial hídrico, o hidroanel é uma proposta importante que será analisada pela nossa secretaria e a de Logística e Transporte para acharmos soluções para os gargalos. O processo de despoluição do rio cria possibilidades e amplia a utilização do rio. Estamos entrando na 3ª etapa da despoluição, com obras em 28 municípios da região metropolitana, e na 4ª etapa, que se completará até 2020, conseguiremos coletar e tratar todo o esgoto na bacia do Tietê.



Ver as potencialidades



O secretário de turismo afirmou que foi importante conhecer em loco as condições do rio na região metropolitana e acredita que seja necessário que as obras de despoluição avancem um pouco mais para que haja condições plenas de implantação de passeio turístico ao longo do trecho da capital.

Em 2012, segundo França, a secretaria estará realizando no interior um projeto chamado Navega São Paulo, que irá reunir o passeio por regiões em que o rio está limpo com a informação histórica que será passada através de atores vestidos a caráter. O passeio de hoje para o secretário teve o objetivo de conhecer o potencial do rio naquele trecho.

"O Navega estará linkado com as festas nos diversos municípios que reúnam condições para a utilização do rio. Este projeto segue o modelo de dois outros que já estão em execução pela secretaria, o Roda São Paulo, em que os turistas são transportados por ônibus por locais históricos com guias que ressaltam a importância do local para a história da cidade e do Estado, e o Anda São Paulo, onde o percurso é realizado à pé.



Viagem ao futuro



"A hidrovia traz desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e à história do rio Bandeirante", ponderou Caramez ao convidar os mais de 70 participantes do passeio a verem várias fotos que ilustravam a apresentação de Augusto Olavo Leite, do Departamento Hidroviário.

Augusto exemplificou os vários usos que as águas do Tietê têm, como irrigação, lazer, abastecimento, geração de energia, turismo, controle de enchentes, mineração, entre outros e fez uma viagem ao futuro através da utilização de imagens que mostram todo potencial turístico e econômico que o rio tem.

Para o técnico há vários desafios a serem vencidos, mas nenhum deles é intransponível. "As experiências implementadas nos diversos países provam que se houver empenho e decisão, o rio Tietê será navegável em sua extensão e poderemos até criar um hidroanel metropolitano que irá ligar o Tietê ao Pinheiros, à Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba, formando um anel de aproximadamente 180 quilômetros que transpassaria 36 municípios dos 39 que formam a região metropolitana da capital", argumentou.



Debates



A frente apresentou para a discussão 10 itens que são essenciais para promover o melhor aproveitamento turístico da Hidrovia Tietê-Paraná como indutor de geração de empregos, requalificação de mão de obra e geração de receita e renda.

A elaboração de inventário dos equipamentos turísticos ao longo da hidrovia; agilidade e desburocratização nos licenciamentos ambientais para a implantação de equipamentos para o turismo fluvial; desburocratização para a concessão de uso das bordas do rio Tietê; implantação de infraestrutura náutica; operação de barcos de turismo pelo governo do Estado e pela iniciativa privada; acesso a fundos para financiar a atividade e incentivos fiscais; extensão da hidrovia para polos regionais; construção de eclusas em Itaipu, Água Vermelha e São Simão; divulgação dos benefícios do turismo fluvial e consolidação de governanças e desenvolvimento de produtos são os itens elencados que segundo os coordenadores das Frentes permanecem abertos a contribuições e acréscimos e devem voltar à pauta nas próximas reuniões.



O barco



O Almirante do Lago tem histórias para contar, é o que afirma Andrelino Novazzi, diretor da Transrio, empresa proprietária do barco que, além do transporte dos trabalhadores que executam a limpeza do rio, desenvolve na chata, em parceria com o Instituto Navega São Paulo, atividades de educação ambiental para escolas e moradores das várzeas do Tietê. "As crianças adoram o passeio e saem impressionadas com o rio e dispostas a evitar a poluição continue. O mesmo acontece quando a Sabesp traz moradores que necessitam ser esclarecidos da importância de conectar o esgoto de suas casas à rede, para evitar o despejo in natura no rio. É um trabalho que a gente vê resultados", assegura.

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