A sensualidade de De Moraes revelada através do desenho e do cromatismo

Emanuel von Lauenstein Massarani
21/06/2004 14:00

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De Moraes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/DeMoraes3.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Sermão no Monte<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/demorais2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Interessado nas pesquisas estéticas de nosso tempo, mas praticamente estranho aos programas e aos modismos, mais ou menos correntes, De Moraes desenvolve e realiza um próprio mundo poético, livre e personalíssimo.

Esse artista se exprime mediante uma pintura "sonhada", quase impalpável e sempre envolvida de uma certa melancolia e sensualidade. Uma espécie de sensualidade mística da matéria pictórica, que ele elabora com vivacidade. Trata-se de uma sensualidade nativa, rica de fantasia e de imaginação que em certos aspectos lembra uma espiritualidade.

A sua característica principal é a de ser um colorista, por definição. Densa e intricada, eficaz e curiosa que possa parecer, a pintura e os desenhos de De Moraes nos confirmam seu modo pessoal de conceber a figura humana e a paisagem que a cerca com fantasia, em antítese à dissolução das atuais "revolucionárias" artes figurativas.

Não é de se excluir que o artista prefira superfícies esmaltadas e transparentes e uma harmonia espontânea entre linha e cor, entre desenho e claros-escuros. Seja com predomínio de valores cromáticos quantitativos, seja no uso de uma só cor variada - numa infinita sucessão de gamas, da mais fria à mais quente - ele compõe uma serrada massa de figuras imaginarias delineadas com um alongamento e uma força natural instintiva com uma fantasia, hoje pouco comum.

De Moraes acredita fortemente no que pinta, suas figuras exuberantes e desproporcionais, as ambientações que cria, as fantásticas construções suspensas em espaços feitos de tensão e movimento, desejam essencialmente exprimir e transmitir o sentido humano e fraterno da imortalidade de valores espirituais que nada pode corromper e sufocar.

Sem duvida uma profunda religiosidade está na origem da inspiração de De Moraes, sentimento que predomina no seu trabalho e que é transmitido ao observador anônimo de seus quadros, como, por exemplo, na obra "Sermão no Monte", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

Em realidade, no fundo de sua pintura, de tons densos, onde a luz exerce um papel de primeiro plano, além do aspecto estritamente técnico, encontra-se uma tensão dialética que constitui a razão de ser de sua arte que enfrenta temas da história da humanidade na dimensão espiritual da religião.

O Artista

De Moraes - pseudônimo artístico de Itamar de Moraes - nasceu em Campinas, em 1974. Formou-se pela Escola de Desenho e Pintura de Campinas, onde exerceu o cargo de professor por quase dez anos. Estudou ainda desenho mecânico na Escola Bento Quirino, artes gráficas na Escola de Desenho e Tecnologia e desenho artístico, desenho natural - modelo ao vivo, interpretação teórico prático da escultura e objetos e educação artística na UNICAMP. Montou em 1987 um atelier-escola em Paulinia, cidade onde exerce as funções de professor de desenho e pintura no "projeto Noite Viva" da prefeitura local, no "projeto Superação" para a Cetreim e para o Centro de Capacitação de Paulínia. Fundou ainda um atelier-escola em Campinas.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando entre elas: Centro de Convivência Cultural, Bragança Paulista, SP (1979); Salão de Araras, SP (1984); Salão Nobre de Paulínia, SP (1992 e 1993); "Nós e os grandes Mestres", Câmara Municipal e Escola Porfírio da Paz, Paulínia e Largo do Café, Campinas (1994); Galeria Escudeiro e Moura (1994 e 1996); XIX Mostra Coletiva Tao Sigulda (1995); Câmara Municipal de Paulínia (1997); Mapa Cultural Paulista; Galeria Renoir, Fortaleza (CE), Clube dos Ingleses e Moínho São Antônio, SP (1998); Mostra Itinerante, Taranto, Spoleto, Roma e Castello Ligure, (Itália), Teatro Municipal, Cabo Frio, (RJ), Encontro das Artes e Museu de Itatiba (1999); "Arte Rivoluzionária", SP e Galeria Giuliano Ottaviani, Roma, Itália (2000); Expo Padova e Museu Nazionale di Villa d´Este", Itália (2001); Castelo Savelli, Palombara Sabina, Palazzo Barberini, Roma, 4º Bienal de Roma (2002); Expo Hob Art Center Norte (2001, 2002 e 2003); Universidade São Francisco, Bragança Paulista (2002); Museu Solar do Barão, Jundiaí (2002 e 2003); "Mulheres" Salão Incor, SP, 1ª Rassegna Internazionale D`Arte Contemporânea, Castelo Piccolomini, Itália, 4ª Bienal de Florença, e "Arte Estate Spinoso", Potenza, Itália, Lions Club Paulínia e 13° ENEP. (2003); "Arte Oltre Frontiera", Cisterna di Latina e 5° Bienal de Roma. (2004).

Por sua participação nas Bienais de Roma e na Bienal de Florença, recebeu o 1° Prêmio na categoria moderno figurativo e a Medalha " Lorenzo Il Magnífico" respectivamente, além de "Grande Medalha de Ouro" no Castelo Piccolomini, Medalha de Ouro Prêmio Primavera, Roma e 1° Prêmio em Palombara Sabina.

alesp