Um conto de Natal

Sandra Mamede
23/12/2004 19:23

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Márcia Herszkowicz : Carol: pensando na vida<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/jo3.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Família grande, pai desempregado, mãe, empregada doméstica. O pai saia pela manhã para fazer biscates e só voltava à noitinha, muito cansado. A mãe trabalhava em uma casa de família para garantir o seu sustento e dos seus quatro irmãozinhos. Ele, com doze anos, pára de estudar para ficar em casa tomando conta dos seus irmãos, o caçula tinha quatro anos. Estavam passando por grandes dificuldades, muitas vezes via os olhinhos tristes dos irmãozinhos e não podia fazer absolutamente nada!!! De vez em quando a patroa de sua mãe permitia que ela levasse algumas sobras para casa, mas isso não acontecia sempre. O Natal se aproximava e ele estava muito triste, queria muito que seus pais e seus irmãos passassem um Natal feliz e decente, mas como!?...Era um sonho!!

Seu sonho era ter o que comer no Natal, era fazer uma ceia, comprar um presentinho para cada um dos seus irmãos...mas sabia que alimentava um sonho, o máximo que poderiam ter era o pão e o café... (pão dormido, amanhecido) trazido por sua mãe... mas, mesmo assim, tinha esperança, não deixava de sonhar, e acima de tudo tinha muita fé. Fé naquele menino que nasceu numa manjedoura, que mesmo sendo pobre, num período onde somente quem era rico era respeitado, aquele menino pregou o amor e a fé e se tornou Rei! O Rei Jesus!

Cresceu numa família pobre, mas sempre ouvira seus pais, apesar de todas as dificuldades, pregarem o amor , o respeito e a honestidade. Cresceu ouvindo sua mãe agradecendo pelo pão de cada dia, mesmo sendo pouco e às vezes não tendo; agradecendo pela casa que moravam, mesmo sendo humilde; pelo seu emprego, mesmo ganhando pouco, e mesmo assim ela era feliz e os fazia muito feliz.... e, dessa forma, ele também tinha fé, muita fé... Acreditava naquele Jesus maravilhoso de quem sua mãe tanto falava. Mas o Natal se aproximava, seu pai continuava desempregado... dessa forma ele não via nenhuma possibilidade, nenhuma perspectiva de um Natal farto!!!

Faltavam exatamente dois dias para o Natal, estava ficando triste e perdendo as esperanças; mas sempre lembrava das palavras de sua mãe: "Quando temos fé, o impossível torna-se possível..." "Quando temos fé, milagres acontecem..." E era nisso que ele acreditava: num milagre.

Nos dia seguinte, véspera do Natal, não tinham nem pão para tomarem café. Então sua mãe abriu a bolsinha de moedas e catou todas as moedinhas que tinham dentro dela, conseguiu juntar R$ 1,00 e deu para ele ir comprar pão, ela iria a pé até o trabalho. Depois que sua mãe saiu, ele aproveitou que os irmãos ainda dormiam para ir comprar pão rapidamente no mercado, onde o pão era mais barato. Pegou o pão e se dirigiu ao caixa.

No momento em que estava passando pela registradora com o pão para pagar soou uma sirene alta e estridente, tipo um alarme, por todo o mercado, enquanto uma luz piscava no caixa onde ele se encontrava, todos olhavam para ele, alguns homens caminhavam em sua direção!!! Ficou assustado, nervoso, amedrontado, ele não tinha feito nada!!! Teve medo, seu primeiro impulso foi o de largar o pão e correr, estavam pensando que ele roubara alguma coisa? Iriam levá-lo preso? E os seus irmãos? E os seus pais?!... Seu medo era tanto que não percebeu que as pessoas o olhavam e sorriam!!!! Então, os homens foram até ele e explicaram: "O mercado está fazendo uma promoção "PRESENTE DE NATAL". O cliente que estiver no caixa quando a sirene tocar ganha uma ceia completa de Natal, presentes para a toda família e compras no valor de duzentos reais durante seis meses!!!

Ele não acreditava no que ouvia!!! O milagre que tanto esperou acontecera.

Lembrou então das palavras da mãe: "QUANDO TEMOS FÉ...MILAGRES ACONTECEM..."



Foto: Márcia Herszkowicz : Carol: pensando na vida

Alguns perfis, completamente na sombra, recebem um relevo através de uma linha luminosa de contorno. A suavidade do traço, a ternura da linguagem são expressas através de delicados e harmônicos recursos tonais.

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