Funcionários públicos também compareceram para apresentar pleitos Para discutir os problemas que afetam o cotidiano da Baixada Santista, a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento (CFOP) promoveu nesta segunda-feira, 6/8, na Câmara de Santos, audiência pública sobre o Orçamento estadual 2013. Sob a condução do vice-presidente da CFOP, Luiz Cláudio Marcolino (PT), a reunião teve em sua abertura a presença do presidente da Câmara, Constantino dos Santos. A mesa foi composta também pela deputada Telma dos Santos (PT) e pelo técnico da Emplasa, Maurício Hoffman. Segundo Marcolino, a Assembleia há algum tempo aprovou projetos que tratam do planejamento urbano do Estado, como a criação de aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. Segundo o deputado, essa iniciativa reforçou a importância das audiências para a apresentação de demandas das regiões do Estado. Insegurança e terras irregulares Alex Marcelo, cidadão de Mongaguá, informou que a população daquele município elaborou abaixo-assinado às autoridades pleiteando mais efetivo policial para Mongaguá, que vive uma onda de criminalidade. O professor Eduardo Barbosa também reclamou do aumento da violência, sobretudo, dentro das escolas e no entorno desses estabelecimentos. Para ele é necessário reforçar as rondas e treinar melhor os policiais que normalmente tratam os jovens como bandidos. A titularização de terras em Peruíbe é um grave problema na cidade, além do precário atendimento na área de saúde. A informação foi dada pelo morador Ricardo Correia que ressaltou que a ocupação irregular resulta num povo empobrecido. Reurbanização e capacitação Construir espaços para geração de renda a famílias que estão sendo removidas de cortiços do centro velho de Santos para áreas do projeto Minha Casa, Minha Vida foi a sugestão de Rafael Ambrosio, da ONG Ambienta. Claide Santos, moradora de Santos, explicou que a construção de túnel em São Vicente facilitaria o tráfego na cidade que serve de ligação entre Praia Grande e o Porto de Santos. Com a proximidade da Copa 2014, Antonio Almeida Jr., do Sintraderte, sugeriu que sejam promovidos cursos de capacitação na Baixada Santista, voltados ao evento. Saúde e funcionalismo Adilson dos Santos, vereador de Santos, pediu mais investimentos na saúde, lembrando que cidade atende praticamente todos os demais municípios da Baixada. Não fosse o fato de metade da população utilizar planos de saúde, a situação já estaria caótica. Seu colega Geonísio Aguiar reforçou a preocupação com os problemas na área de saúde e acrescentou que as escolas públicas na Baixada Santista também enfrentam um processo de depreciação. Muitos funcionários públicos se manifestaram na audiência em Santos. As professoras Isaura Gonçalves e Neide Silva reclamaram dos baixos reajustes concedidos pelo governo do Estado e do calote nos precatórios entre outras questões. Paulo Correia, aposentado do TJ, também pediu o pagamento de indenizações atrasadas. Já a funcionária pública Fátima Carneiro pediu a contrapartida financeira do Estado no Iamspe. Renato Del Moura, escrivão de polícia, afirmou que a categoria está descontente porque apesar da exigência de nível superior para a função, o salário não teve reajuste. A valorização da carreira foi fixada por lei estadual. Palavras finais Telma de Souza lembrou que o governo do Estado terá que dar uma atenção especial para a Baixada e principalmente para a cidade de Santos que abriga o maior porto brasileiro e que está inserida na bacia que guarda a riqueza do pré-sal. A deputada reivindicou recursos para o Hospital Guilherme Santos, para o Samu, para os tuneis Santos-Guarujá e zonas noroeste-leste (em Santos), para o VLT, construção do parque tecnológico de Santos, restauro da Hospedaria dos Imigrantes e construção de centros de acolhimento a usuários de drogas, sobretudo, de crack, que tem devastado parte da população do Estado. Marcolino fez uma importante ressalva antes de encerrar a reunião. O vice-presidente informou que o governador vetou o artigo da LDO, aprovada pela Assembleia, que previa a regionalização da distribuição de recursos orçamentários. Santos, o maior porto brasileiro Santos é sede da Região Metropolitana da Baixada Santista e abriga o maior porto da América Latina. A cidade é a 18ª mais rica do país. No passado sua economia centrou-se na comercialização do café, com a Bolsa Oficial do Café, importante centro de negócios do mercado cafeeiro cuja criação data de 1922. Hoje no local há o Museu do Café, espaço que promove exposições sobre a trajetória do produto pelo Brasil e pela cidade e que é decorado com obras do artista Benedito Calixto. O Livro dos Recordes situa os jardins da orla de Santos como formadores do maior jardim frontal de praia em extensão do mundo. Santos é uma das cidades mais antigas do país, datando da época do Brasil Colônia. A Ilha de São Vicente consta em documentos portugueses escritos dois anos após o descobrimento oficial do Brasil, em 1502, com a expedição de Américo Vespúcio. A coroa portuguesa interessou-se pouco pela região e durante 30 anos vários corsários atacavam a ilha. Em 1531, devido à decadência dos negócios da coroa portuguesa na Índia, o Brasil foi lembrado e uma esquadra de demarcação e posse de territórios foi enviada por D. João III à Ilha de São Vicente. O chefe da esquadra era o navegador Martim Afonso de Sousa que encontrou um povoado e o Porto de São Vicente. Um dos degredados trazidos pela expedição de Américo Vespúcio, Cosme Fernandes, fundou essa colônia. Jesuítas e Cavendish A Alfândega de Santos foi criada em 1550, mesmo ano da chegada dos padres jesuítas para a catequização dos índios tupis que ali moravam. Nessa época Santos sofreu com a invasão e saques dos corsários, por ser um porto próspero. O saque do pirata Thomas Cavendish, em 1591, deu origem em Santos à lenda do milagre de Nossa Senhora do Monte Serrat, padroeira da cidade, quando a população santista se refugiou no morro de São Jerônimo, para escapar aos piratas. Neste morro havia uma capela com a imagem de Nossa Senhora de Montserrat. A população orava quando os piratas começaram a subir o morro e um deslizamento de terra, atribuído à santa, os fez fugir. Cavendish também destruiu o Outeiro de Santa Catarina e o Engenho dos Erasmos, sendo um dos responsáveis pelo declínio da economia canavieira local.