Defender a água como garantia de vida no planeta e democratizar o acesso a ela deixou de ser um desafio apenas para as futuras gerações. A hora de agir é agora. Com essa mensagem, a Frente Parlamentar Ambientalista em Defesa das Águas e do Saneamento realizou o seu primeiro seminário na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nesta terça-feira (13). O evento tratou sobre "Segurança Hídrica" e foi organizado pela deputada Marina Helou (Rede). Entre os convidados, estavam Samuel Barreto, gerente nacional da organização não governamental (ONG) The Nature Conservancy; Simone Tenório, coordenadora de projetos do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ); Gustavo Veronese, geógrafo da Fundação SOS Mata Atlântica; e Roberto Resende, presidente da ONG Iniciativa Verde, especializada em recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica e em compensação de carbono. "A água é o principal elo entre o meio ambiente e a dignidade humana. Isso significa que a gente precisa ter acesso à água de qualidade, coleta e tratamento de esgoto. Precisamos cuidar das nossas nascentes e garantir a permeabilidade do solo. Esse é um tema bastante prioritário do meu mandato e um evento desses na Casa serve para a gente definir, na prática, em como avançar na garantia desse direito básico para todas as pessoas. Temos que discutir e transformar isso em projetos de lei que possam, por exemplo, combater o desmatamento que prejudica as nascentes no Estado", afirmou a deputada Marina. Consequências Conforme a própria parlamentar ressaltou, se a situação no planeta já é ruim, ela tende a piorar. "As mudanças climáticas já são uma realidade e nós não estamos conseguindo combater suas consequências na velocidade necessária. As pessoas vulneráveis serão as mais impactadas. No Brasil, isso significa que a população periférica e preta será a mais atingida", disse ela. Marina participou pessoalmente, em março, da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Água, em Nova Iorque, nos EUA. Este foi o primeiro encontro em um intervalo de 50 anos com a água como tema central, o que demonstra a preocupação crescente sobre o assunto. "Esse não é um problema das gerações futuras, é um problema da nossa geração. Já passamos por isso há pouco tempo e podemos passar de novo se não formos mais responsáveis e estratégicos tratando a água como um direito e possibilitando o seu acesso a todos", reforçou a parlamentar, lembrando da crise hídrica vivida pelo Estado de São Paulo entre 2014 e 2015, quando baixos índices pluviométricos, o crescimento da demanda por água e uma dificuldade no gerenciamento desse recurso resultaram em um desabastecimento em larga escala. "Infelizmente, o Estado não aprendeu com o ocorrido. O que a gente viu em nossas visitas [como parlamentar] para avaliar e fiscalizar as obras que foram feitas de forma emergencial para que os problemas vividos não se repetissem [foi que elas] estão abandonadas. Então, a gente não entendeu o ocorrido como um problema de longo prazo. Aqui, na Frente Parlamentar, vamos trabalhar para que o Plano de Segurança Hídrica a longo prazo se concretize", garantiu a deputada Marina. Mobilização Para finalizar, Marina comentou sobre a necessidade de atividades como essa no Legislativo serem multiplicadas e chegarem, de fato, à população. "Existe uma dificuldade [de mobilizar a opinião pública de que esse é um desafio urgente]. No dia a dia, as pessoas abrem a torneira e sai água. Então, a gente não percebe de fato o problema, até um dia em que a gente abre e não sai mais. A partir disso, vira algo importantíssimo. Portanto, é algo que precisamos resolver já", apontou.