Movimento Negro Unificado celebra seus 45 anos na Alesp

Solenidade foi organizada pela codeputada Simone Nascimento, da Bancada Feminista (PSOL), que é, também, da coordenação nacional do MNU
28/06/2023 18:52 | Aniversário | João Pedro Barreto, sob supervisão de Cléber Gonçalves - Fotos: Rodrigo Romeo

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Celebração dos 45 anos do MNU<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg304365.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Codep. Simone Nascimento, Bancada Feminista (PSOL)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg304366.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Milton Barbosa, cofundador do MNU<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg304367.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Regina Lucia Santos, coordenadora estadual do MNU<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg304368.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Celebração dos 45 anos do MNU<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg304369.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, nesta terça-feira (27), a celebração dos 45 anos de existência do Movimento Negro Unificado (MNU). A solenidade, convocada pala Bancada Feminista e comandada pela codeputada Simone Nascimento (PSOL), recebeu membros, líderes e fundadores do grupo.

"É fundamental que a Alesp reconheça e celebre o aniversário da entidade mais antiga do movimento negro brasileiro e uma das mais influentes na luta contra a discriminação no país", disse Simone Nascimento.

A coparlamentar, que faz parte da coordenação nacional do MNU, ainda enfatizou que a celebração se adequa à atuação de seu mandato, que é articulado junto ao movimento social organizado.

Passado

Simone abriu o encontro relembrando a história de fundação do MNU, que surgiu em São Paulo, no dia 18 de junho de 1978, durante a ditadura militar e em uma reunião de entidades negras. A intenção era defender a comunidade afro-brasileira do racismo, do desrespeito humano, além de organizar o ativismo no país e levar a população negra a ocupar todos os espaços da sociedade.

A primeira atividade do grupo foi um ato público contra o racismo, após a discriminação sofrida por quatro jovens do Clube Regatas Tietê e a tortura seguida de morte de Robson Silveira da Luz, em uma delegacia no bairro de Guaianazes.

Milton Barbosa, um dos cofundadores do MNU, compôs a Mesa da solenidade e contou como foi esse primeiro movimento do grupo e como era a articulação dos ativistas, antes mesmo da fundação do Movimento Negro Unificado.

"Aquele ato que nós fizemos no 7 de julho de 78 estourou no mundo inteiro. Tinha gente que voltava dos Estados Unidos, da Europa, da África e nos parabenizaram pela nossa articulação em meio à ditadura", relatou.

Chegando do Plenário Juscelino Kubitschek, onde ocorria uma sessão extraordinária, a deputada Paula da Bancada Feminista (PSOL) saudou o aniversário do MNU e agradeceu aos membros mais antigos por abrirem caminho para ativistas jovens como ela.

"Em plena discussão sobre o fim da ditadura militar e a redemocratização, pessoas negras corajosas se organizaram para fundar uma entidade do movimento negro. A partir disso, levantaram a discussão de que se o povo negro não estivesse no centro do debate sobre democracia, se o nosso povo seguisse sendo assassinado, a gente nunca teria democracia no país", comentou Paula Nunes.

Segundo Regina Lucia Santos, coordenadora estadual do MNU em SP e há 30 anos no movimento, o termo 'unificado' no nome representa o objetivo de unificar a luta dos movimentos negros e transformá-la em uma pauta política, e não cultural, como era até então.

Presente e futuro

Regina defende que as instituições brasileiras são, até hoje, perpassadas pelo racismo, incluindo o Legislativo Paulista, que não representa os mais de 50% da população que se autodeclara negra. "Quando os pretos chegam nesta Casa para ocupar espaço, para dizer que temos propostas de política para melhorar o Estado, para comemorar a vida dessa instituição, é muito importante e nos deixa muito orgulhosos do caminho que a gente fez", disse.

A ativista lamenta que a pauta racial ainda seja atual e que, mesmo após 45 anos de luta, ainda falte muita coisa para fazer. "Eu quero deixar o legado da necessidade de lutar. Enquanto os racistas não descansarem, nós temos que lutar", defendeu.

Na mesma linha, Milton Barbosa, mesmo tendo vivido quase dois terços de sua vida no MNU, projeta qual deve ser a principal pauta do movimento negro. "O Brasil deve reparação histórica aos negros desse país, pela escravidão, pela forma que fomos explorados. Eram os negros que faziam tudo, até cuidar da saúde dos senhores de escravos, com os conhecimentos milenares de ervas medicinais. É uma coisa que vem de longe e que não é fácil, mas as coisas avançam com a nossa luta e organização", afirmou.

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