Evento realizado nesta quinta-feira (29) no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo marcou o encerramento do "Mês do Meio Ambiente - Brasil e São Paulo no combate à Emergência Climática". Coordenado pela deputada Marina Helou (Rede), o encontro que lotou o espaço, teve uma aula pública da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A temática central das participações foi a necessidade de o País fortalecer a democracia combatendo as desigualdades com sustentabilidade econômica, social e ambiental. "Se resolvermos os problemas de São Paulo, já estaremos resolvendo muita coisa também no Brasil", afirmou a ministra, logo no início de sua fala. "Temos que colocar Economia e Ecologia em uma mesma equação. A política ambiental é transversal. Não vamos resolver o problema com o Ministério do Meio Ambiente correndo atrás do prejuízo sozinho enquanto outros setores estiverem criando atividades impactantes. Transporte, Agricultura e Energia, por exemplo, têm de dar conta de sua parte. Não é algo fácil, mas o pior é não fazermos o dever de casa", comentou Marina. Em sua participação, a ministra ressaltou a capacidade que o Brasil tem para liderar um movimento global de valorização da sustentabilidade. "Nós somos o país que pode ajudar o mundo a fazer a transição para um novo modelo de desenvolvimento. Temos imensas vantagens comparativas: 12% da água doce do planeta, 20% da biodiversidade, as melhores condições para se ter uma matriz energética 100% limpa, áreas para serem agricultáveis sem precisar derrubar uma árvore e, mesmo assim, dobrar a nossa produção. Tem espaço para o extrativismo, a agricultura familiar, indústria, o agronegócio de base sustentável. Agora, não pode existir lugar para o aprofundamento das desigualdades sociais. Teremos que fazer as coisas na forma do tudo ao mesmo tempo agora", apontou a ministra, informando que há uma indicação, ainda não oficial, de queda do desmatamento no Brasil de 31% entre janeiro e maio deste ano. Transição sustentável Ainda de acordo com a ministra, para enfrentar a questão das mudanças climáticas, que é um desafio já desta geração, o Brasil tem que trabalhar para que sua matriz energética seja limpa, diversificada e segura. "A nossa indústria precisa fazer a transição sustentável e a agricultura também. Temos que olhar para os espaços urbanos, buscar cada vez mais ter uma frota que caminhe para a eletrificação, com mobilidade urbana que dê qualidade de vida. Tudo isso olhando para os conceitos de justiça ambiental e climática, além do racismo ambiental. O que aconteceu em São Sebastião recentemente, quem estava perto das encostas? As pessoas pretas e pobres", lembrou Marina, acrescentando que a criminalidade ambiental, vinculada com os constantes casos de desmatamento da Amazônia, por exemplo, também afeta diretamente as comunidades mais vulneráveis. Agenda ambiental A deputada Marina Helou, que coordena a Frente Parlamentar Ambientalista pela Defesa das Águas e do Saneamento no Parlamento Paulista, enalteceu a presença de Marina Silva na Casa e deixou claro que, no que depender da Bancada Ambientalista da Alesp, as políticas públicas federais ligadas à sustentabilidade terão fortes aliados em São Paulo. "É uma honra para a Assembleia e para São Paulo termos a presença da ministra aqui falando de um tema tão importante quanto a emergência climática e a necessidade que temos de criar políticas públicas que deem conta desse desafio", disse a parlamentar. "É um caminho importante. A gente tem um potencial aqui de fazer diferente, com São Paulo impulsionando a agenda ambiental e o Ministério do Meio Ambiente para colocar o Brasil em seu lugar no mundo, de pioneiro na agenda da sustentabilidade", completou Marina Helou.