Localizado na região Centro-Oeste do Estado, Marília é um dos municípios paulistas que vivenciam, há décadas, o crescimento exponencial das áreas urbanas da cidade e a redução de sua zona rural. Com mais moradores, a necessidade de mais equipamentos públicos para a população mariliense éatualmente uma das principais demandas locais. Marília chegou a 237.629 habitantes em 2022, de acordo com o último Censo do IBGE. O número representa um aumento de 9,64% em relação ao último levantamento, feito em 2010 - um crescimento maior que o observado no país e no Estado de São Paulo, onde as taxas ficaram em 6,45% e 7,45%. Nesta reportagem da série especial sobre as audiências públicas do Orçamento estadual para 2024, a equipe de Jornalismo da Alesp viajou até a cidade de Marília para saber quais demandas a população local deve apresentar aos parlamentares da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento. Crescimento Assim como diversas cidades do Interior paulista, a história de Marília está diretamente ligada às linhas férreas do Estado de São Paulo. Grande produtor de algodão e café no início do século XX, Marília se desenvolveu a partir das estações de trem que cortavam a região. As ferrovias, que antes carregavam cargas e passageiros, agora se misturam com a paisagem do município. Apesar da importância da ferrovia para a cidade, outro modal tomou o destaque na região Oeste do Estado - o rodoviário. A Estação Rodoviária de Marília, inaugurada em 1938, foi a primeira do Brasil e puxou o desenvolvimento da malha viária da região. "No passado, o distrito de Nóbrega era uma das estações do trem que passavam por Marília. Hoje é tudo uma coisa só, os distritos se uniram. Por isso, precisamos cortar essas distâncias e urbanizar as diferentes regiões", explica o jornalista e escritor marilisense Ramon Barbosa. Barbosa conta que, apesar do crescimento não planejado, Marília possui boa estrutura, mas ainda necessita de equipamentos para a urbanização completa da cidade. "Toda cidade que apresenta um crescimento como o visto em Marília necessita de recursos para encurtar as distâncias causadas pela expansão territorial", afirma. Mobilidade urbana As vias e avenidas, assim como as linhas férreas desativadas presentes na cidade, são tema de recorrentes reclamações dos habitantes de Marília. Para o economista José Carlos Bastos, de 80 anos, nascido em Marília, o desenvolvimento não planejado do município reflete nos problemas da atualidade. "A cidade foi crescendo e hoje tem muitos problemas com a mobilidade urbana. As avenidas são estreitas e as linhas férreas que cortam de Norte a Sul prejudicam a transposição de veículos", afirma. Para o jornalista Ramon Barbosa, o município necessita de recursos estaduais para a regionalização da administração da cidade. "Podemos urbanizar a cidade em vários aspectos, como, por exemplo, colocando equipamentos públicos em diferentes regiões da cidade. Assim, atendemos a população sem que ela precise se deslocar grandes distâncias". Fiscalização Para que os projetos desempenhados pela Prefeitura de Marília sejam colocados em prática efetivamente, alguns moradores do município criaram a Matra (Marília Transparente). A organização não governamental fiscaliza as ações da prefeitura e todas suas autarquias e entidades. "Fiscalizamos de maneira voluntária tudo aquilo que é feito com o dinheiro público", explica o vice-presidente da Matra, Edgar Cândido Ferreira. Além disso, a organização também elabora e discute projetos para a cidade. "Temos planos de desenvolvimento para a cidade, nas áreas da educação, da saúde e do trânsito. Hoje, o necessário seria a abertura de recursos para que a prefeitura coloque em prática esses projetos", completa o vice-presidente. No próximo dia 3 de agosto, a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento dá início às audiências públicas que discutirão a peça orçamentária estadual para 2024. A cidade de Marília recebe os parlamentares no dia 19 de agosto, às 10h, na Câmara Municipal. O evento é aberto ao público. Participe! Calendário de audiências