Geólogo endossa tripé 'resolver, evitar e conviver' para gestão ambiental em SP

Macedo também anunciou um mapeamento participativo de áreas de riscos em São Sebastiao, cidade do litoral paulista atingida por tragédia em fevereiro
24/08/2023 19:12 | Comissão | Claus Oliveira - Fotos: Marco A. Cardelino

Compartilhar:

CPI dos Deslizamentos de Encostas <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg307630.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> CPI dos Deslizamentos de Encostas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg307631.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> CPI dos Deslizamentos de Encostas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg307632.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> CPI dos Deslizamentos de Encostas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg307633.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O geólogo Eduardo Soares de Macedo, especialista em desastres naturais, considera que a gestão de riscos ambientais no Estado de São Paulo perpassa, necessariamente, por três linhas de trabalho. Macedo participou nesta quinta (24), na Assembleia Legislativa, da CPI - Prevenção de Deslizamentos em Encostas.

"A primeira é resolver problemas fazendo obras de reurbanização. Segunda, evitar que a área [de risco] se forme - com planejamento urbano. Conviver com o risco através de planos de emergência, mapeamento e Defesa Civil", enumerou o especialista.

Desastre do litoral paulista

Servidor público do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Macedo foi responsável, em 2018, pelo estudo de mapeamento em áreas de risco em São Sebastião, litoral paulista.

Cinco anos depois, em fevereiro passado, a cidade litorânea vivenciou um dos maiores desastres ambientais do Brasil. Mais de 60 pessoas morreram após os deslizamentos de terra causados pelas chuvas.

Macedo explicou que as medidas de mitigação adotadas com apoio do IPT foram insuficientes por causa do volume e da rapidez das precipitações pluviométricas.

"Foram escorregamentos que ocorreram, inclusive, em áreas não mexidas pela população, em lugares onde a gente nem mapeou. Eu não coloquei aquelas áreas como de alto risco, coloquei para serem monitoradas na parte das moradias. Sinceramente não esperava uma chuva daquele tamanho", explicou.

Conforme o geólogo do IPT, 648 milímetros foram registrados em dez horas de chuva na cidade. Estavam previstos 200, para três dias. "Na terceira hora, já estourou o nosso limite", frisou.

Interação com parlamentares

Eduardo concordou com Donato (PT) quanto ao treinamento da população nas áreas de riscos, a exemplo do que é feito pelos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec).

"É o morador que corre risco de vida, quem melhor conhece a área e é o primeiro a ver o deslizamento". Então se eu conseguir treinar esse morador a fazer a autoproteção, ele vai saber para onde tem que ir", argumentou o geólogo.

Em interação com Ediane Maria (PSOL), o especialista reconheceu carências municipais na prevenção de desastre, mesmo existindo investimentos na aquisição de equipamentos, muitos custeados por emendas parlamentares.

"Será que todo mundo está preparado? Mais ou menos, deputada. Muitas prefeituras nem têm equipe de Defesa Civil. Às vezes tem uma pessoa que não é exatamente um técnico", salientou.

Em diálogo com o Capitão Telhada (PP), sobre a setorização das áreas de risco paulistas, o geólogo anunciou que São Sebastião vai passar por outro mapeamento, dessa vez com parceria federal.

"Estamos negociando com o Ministério das Cidades que vai bancar o trabalho. Se tudo der certo, será um projeto que vai incluir a população, um mapeamento participativo. É uma novidade que tem algumas experiências bem exitosas no Brasil", finalizou.

Visita técnica em São Sebastião

A presidente da CPI dos Deslizamentos em Encostas, deputada Fabiana Barrosa (PL), confirmou para a próxima quinta-feira (31) uma visita técnica do colegiado ao município de São Sebastião.

A comitiva vai reunir-se com o Gabinete de Crise e ouvir gestores municipais. Além disso, os membros da CPI da Alesp inspecionarão as áreas atingidas pelos desmoronamentos.

Na fiscalização presencial, os deputados paulistas vão contar com o apoio do Núcleo de Avaliação Estratégica (NAE). A unidade administrativa, subordinada à Mesa Diretora da Alesp, tem auxiliado a CPI com relatórios e levantamentos de dados. O NAE possui grupo temático voltado ao tema meio ambiente.

Mais convites

Na reunião de hoje, mais dois especialistas foram convidados pela Comissão, a partir de requerimentos de Barroso.

Os convites são direcionados a Victor Marchezini - que tem experiência em sociologia dos desastres - e a Rodolfo Moreda Mendes - pesquisador na área de geodinâmica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).


alesp