A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que investiga o crescimento do uso do crack em território paulista recebeu, nesta quarta-feira (4), profissionais de diferentes áreas para discutir ações policiais e sociais voltadas para usuários e traficantes da droga. O tema central da reunião presidida pelo deputado Paulo Correa Jr. (PSD) foi a busca por soluções multilaterais para a situação da Cracolândia da Capital Paulista. Foram debatidos temas como o combate ao tráfico e as ações das Polícias Militar e Civil na região central da cidade de São Paulo, bem como os caminhos para o tratamento e a ressocialização dos dependentes químicos que atualmente habitam a região. Ações policiais As operações especiais deflagradas pelas Polícias Militar e Civil do Estado como esforço para combater o crescimento da Cracolândia na região central da Capital foram objeto da fala do delegado do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Ronaldo Sayeg. Sayeg falou sobre o papel do Denarc no enfrentamento ao tráfico e destacou a integração com outros órgãos. "Tentamos evitar que a droga chegue até os pontos finais de venda. Temos a integração com outros órgãos da Segurança Pública e parcerias com unidades de atendimento voltadas para a prevenção", disse. A reunião também contou com a participação do delegado da Delegacia Seccional do Centro, Jair Barbosa Ortiz, atual responsável pela Operação AC35 - que busca encontrar traficantes na região da Cracolândia. Ortiz apresentou um panorama geral sobre a atuação da Polícia Civil e destacou o uso de câmeras para a captura de criminosos. "Os testemunhos são importantes, mas quando os policiais apresentam um inquérito recheado de imagens, isso nos traz um poder de convencimento muito maior", afirmou. Soluções para os usuários Além de representantes das forças policiais do Estado, a CPI também recebeu profissionais que atuam na assistência a pessoas em vulnerabilidade social e dependentes químicos. Médico psiquiatra e especialista em dependência, Pablo Miguel Roig fez uma apresentação aos parlamentares que ilustrou como as drogas agem no cérebro e abordou métodos para o tratamento de vícios. Ainda sobre o tema, o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado, Arthur Pinto Filho, criticou a proposta de internação compulsória para usuários - ação ventilada como uma das soluções possíveis para o controle da Cracolândia. "Não há uma porta de saída qualificada das internações. Eles [dependentes químicos] saem da mesma forma que entram, sem trabalho, emprego e renda", afirmou. A manutenção de um ambiente propício ao tratamento de usuários também foi tema da fala do médico assistente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, Leon Garcia. Para ele, é preciso pensar políticas intersetoriais e de assistência social para pessoas em tratamento contra a dependência química. "Precisamos pensar em como as pessoas vivem e criar políticas e formas de tratamento a partir dessa realidade. Políticas de moradia, de trabalho, renda e educação, tudo isso é tratamento para pessoas que têm problemas com drogas", afirmou.