Passo marcado, ritmo pulsante e a certeza de que o seu lugar é a pista de dança. Por uma noite, o Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo se transformou em um "salão de baile". O motivo foi especial: reconhecer e homenagear aqueles que, na pista, promovem a cultura e as mobilizações sociais. Vindos das mais diversas cidades paulistas, DJs e grupos de dança participaram, nesta segunda-feira (23), da 1ª edição do Prêmio "Eu Faço Flashback", que reconheceu o talento e o empenho de diversos artistas. O evento foi solicitado pelo deputado Teonilio Barba. Dia do Flashback Por iniciativa da ex-deputada Clélia Gomes, foi criada a Lei 17.072/2019, que instituiu o 21 de outubro como "Dia do Flashback". A ideia é fazer disso uma oportunidade para a geração de eventos que valorizem a arte, o lazer, as expressões populares e, ainda, possam gerar emprego e renda para toda uma camada de profissionais envolvidos nesse universo. Coordenador da atividade, o analista legislativo Edson Daruich Bolla destacou a importância de mostrar que a Alesp está sempre de portas abertas para todos. "Realizar um evento com essa temática, dentro de uma Assembleia Legislativa, é demais gratificante. Conseguimos trazer o povo para dentro da Casa do povo", afirmou. "Com isso, estimulamos saúde, lazer e relacionamento pessoal. Tudo ao mesmo tempo. Enfim, abrimos portas, reconhecemos talentos e valorizamos as pessoas", disse ele. Liberdade e expressão Iara Bento, coordenadora do serviço SOS Racismo da Alesp, entregou alguns dos prêmios e considerou o evento um importante marco de valorização dos movimentos culturais, principalmente da população negra. Para ela, organizar esse encontro significa reivindicar, de uma forma criativa e alegre, mais respeito, atenção e investimentos em atividades ligadas à Cultura. "Nas décadas de 70, 80 e 90, através da música e da cultura, as pessoas se reuniam e se organizavam. Dançar também é uma forma de se mobilizar e se conscientizar. O flashback faz parte da nossa cultura e da tradição da população negra. Importante lembrarmos disso", ressaltou. "O dançar representa toda uma simbologia de liberdade. É cultura, arte e expressão. O que fizemos aqui na Alesp foi um movimento organizado, que desejamos expandir para todo o Estado daqui pra frente. São momentos descontraídos, mas também de posicionamento social. Ainda temos muito o que fazer nesse sentido, estamos apenas no início do caminho", acrescentou Iara. Ativismo e união Outra personalidade marcante que participou da entrega do prêmio foi Nelson Campos Filho, mais conhecido como Nelson Triunfo. Dançarino de break, músico e ativista social, ele foi um dos pioneiros do movimento hip-hop brasileiro e, às vésperas de completar 69 anos de idade, continua atuante em sua mobilização pela cultura black e esbanjando saúde nas pistas. "É maravilhoso ver que a Assembleia virou um baile e que a gente faz parte de tudo isso. É uma coisa linda ver tanta gente de lugares diferentes em um mesmo local. Esse encontro não tem dinheiro que pague. A dança faz bem para a saúde e a música só traz coisas boas para as pessoas", comentou Triunfo, entre uma batida e outra.