O engenheiro geotécnico, Rodolfo Moreda Mendes, prestou depoimento, na manhã desta quinta-feira (26), à Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que investiga as ações do poder público para prevenção de deslizamentos em encostas. A reunião aconteceu de maneira informal por falta de quórum. No encontro, o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou pesquisas que apontam as melhores formas de prever deslizamentos e, com isso, diminuir seus impactos. Segundo Rodolfo, o melhor caminho para isso é acompanhar o nível de umidade do solo nas chamadas "áreas de risco". Ele explica que esse índice é o que melhor indica, com um certo nível de antecedência, quando haverá um grande deslocamento de terra em uma encosta e possibilita o envio de alertas à população. "Essa era exatamente a nossa discussão: como fazer um alerta real e não um alerta que ficasse neutralizado pela população", declarou a presidente do Colegiado, Fabiana Bolsonaro (PL), que disse que os parlamentares procuravam um método para a emissão de avisos mais preciso que a quantidade de chuva. Rodolfo explica que, muitas vezes, apenas o volume de chuva não aponta se terá ou não um deslizamento. Ele informou ainda que há 37 conjuntos de equipamentos - com medidor de índice de chuva e sensor de umidade do solo - em operação no Estado. Os aparelhos, que estão espalhados por 12 municípios, são capazes de detectar quando o solo está comprometido por sua umidade e corre risco de ceder. O engenheiro ainda colocou à disposição do Estado um equipamento desenvolvido pelo Cemaden que é ainda mais sofisticado. Além de captar esses dados, a máquina consegue enviar alertas automaticamente para celulares e e-mails quando os limites de chuva e umidade forem atingidos e apresentem risco à população do local. "Analisando essas variáveis ambientais, nós temos condições de emitir alertas com antecedência, robustez, eficiência e precisão", comentou. Ação humana Outro fator destacado pelo especialista e que amplia o risco de deslizamentos é a ação humana. Ele apontou que a falta de infraestrutura em áreas de risco, especialmente no setor de saneamento, pode causar vazamentos de água ou esgoto e aumentar a umidade do solo. "A chuva é o gatilho, mas a ação antrópica é preparatória, ela coloca a encosta em uma situação muito crítica e não precisa de muita chuva para deflagrar o processo [de deslizamento]", afirmou. Recomendações Ao fim da apresentação, Rodolfo Mendes elencou diversas medidas que recomenda ao Poder Público para ampliar o suporte a áreas de risco e em casos de deslizamento. Para ele, o Estado precisa alocar recursos na ampliação e manutenção da rede de monitoramento, comprando e executando a manutenção de sensores e equipamentos; e também melhorar a infraestrutura em áreas de risco, como as redes de esgoto, água e de drenagem. Além disso, o pesquisador enfatizou o investimento nas Defesas Civis municipais e estadual, com aumento do seu efetivo bem como capacitação adequada além da compra de equipamentos para atualizar os mapas das áreas de risco e operar a rede de monitoramento e envio de alertas.