Na Alesp, especialista detalha monitoramento de desastres naturais e envio de alertas à população

Engenheiro geotécnico explicou, à CPI da Prevenção de Deslizamento em Encostas, que a melhor maneira de antever desastres é monitorando a umidade do solo
26/10/2023 18:11 | CPI | João Pedro Barreto, sob supervisão de Tom Oliveira - Fotos: Bruna Sampaio

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Rodolfo Moreda Mendes Cemaden<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2023/fg312128.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dep. Fabiana Bolsonaro (PL)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2023/fg312129.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O engenheiro geotécnico, Rodolfo Moreda Mendes, prestou depoimento, na manhã desta quinta-feira (26), à Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que investiga as ações do poder público para prevenção de deslizamentos em encostas. A reunião aconteceu de maneira informal por falta de quórum.

No encontro, o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou pesquisas que apontam as melhores formas de prever deslizamentos e, com isso, diminuir seus impactos.

Segundo Rodolfo, o melhor caminho para isso é acompanhar o nível de umidade do solo nas chamadas "áreas de risco". Ele explica que esse índice é o que melhor indica, com um certo nível de antecedência, quando haverá um grande deslocamento de terra em uma encosta e possibilita o envio de alertas à população.

"Essa era exatamente a nossa discussão: como fazer um alerta real e não um alerta que ficasse neutralizado pela população", declarou a presidente do Colegiado, Fabiana Bolsonaro (PL), que disse que os parlamentares procuravam um método para a emissão de avisos mais preciso que a quantidade de chuva.

Rodolfo explica que, muitas vezes, apenas o volume de chuva não aponta se terá ou não um deslizamento. Ele informou ainda que há 37 conjuntos de equipamentos - com medidor de índice de chuva e sensor de umidade do solo - em operação no Estado. Os aparelhos, que estão espalhados por 12 municípios, são capazes de detectar quando o solo está comprometido por sua umidade e corre risco de ceder.

O engenheiro ainda colocou à disposição do Estado um equipamento desenvolvido pelo Cemaden que é ainda mais sofisticado. Além de captar esses dados, a máquina consegue enviar alertas automaticamente para celulares e e-mails quando os limites de chuva e umidade forem atingidos e apresentem risco à população do local.

"Analisando essas variáveis ambientais, nós temos condições de emitir alertas com antecedência, robustez, eficiência e precisão", comentou.

Ação humana

Outro fator destacado pelo especialista e que amplia o risco de deslizamentos é a ação humana. Ele apontou que a falta de infraestrutura em áreas de risco, especialmente no setor de saneamento, pode causar vazamentos de água ou esgoto e aumentar a umidade do solo.

"A chuva é o gatilho, mas a ação antrópica é preparatória, ela coloca a encosta em uma situação muito crítica e não precisa de muita chuva para deflagrar o processo [de deslizamento]", afirmou.

Recomendações

Ao fim da apresentação, Rodolfo Mendes elencou diversas medidas que recomenda ao Poder Público para ampliar o suporte a áreas de risco e em casos de deslizamento. Para ele, o Estado precisa alocar recursos na ampliação e manutenção da rede de monitoramento, comprando e executando a manutenção de sensores e equipamentos; e também melhorar a infraestrutura em áreas de risco, como as redes de esgoto, água e de drenagem.

Além disso, o pesquisador enfatizou o investimento nas Defesas Civis municipais e estadual, com aumento do seu efetivo bem como capacitação adequada além da compra de equipamentos para atualizar os mapas das áreas de risco e operar a rede de monitoramento e envio de alertas.

alesp