Dom Odilo Scherer, cardeal e arcebispo metropolitano de São Paulo, manifestou publicamente seu apoio ao Projeto de Lei número 1426/23, de autoria da deputada estadual Beth Sahão (PT), para que a estação de metrô da PUC-SP - linha 6 laranja - , prevista para entrar em operação em 2025, receba o nome da professora Nadir Kfouri. Ela era a reitora da universidade na ocasião em que a universidade foi invadida pelas tropas de repressão, comandadas pelo general Erasmo Dias, no dia 22 de setembro de 1977. "Professora Nadir foi a reitora da PUC-SP num momento importante da história da PUC, momento de manifestações em favor da redemocratização do país. E a PUC pagou também um preço caro pela sua postura em favor da democracia naquela ocasião. Então me parece muito apropriado e justificado que seja levado a efeito esta nomeação da estação do metrô como estação PUC/Nadir Kfouri", afirmou Dom Odilo, que também é grão-chanceler da PUC-SP. A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, que completou meio século de fundação em dezembro último, nasceu exatamente com o objetivo de denunciar e combater as violações de direitos humanos durante o regime militar brasileiro e, desde então, tem participado ativamente dos principais movimentos da história. Por esta razão, a deputada fez questão de agradecer ao apoio de dom Odilo e de Antônio Funari Filho, que é o atual presidente da Comissão Justiça e Paz, nesta grande mobilização pela aprovação do Projeto de Lei. "Agradeço a Dom Odilo por ter nos recebido aqui na Cúria Metropolitana de São Paulo, juntamente com o Funari, que é presidente da Comissão de Justiça e Paz dessa nossa querida Arquidiocese que presta um trabalho inestimável pra toda população católica paulista. E desde já me coloco à disposição de Dom Odilo, da Arquidiocese de toda comunidade católica", destacou Beth logo após o término da reunião, neste fim de semana. Mobilização A deputada vem trabalhando intensamente pela aprovação, na Alesp, do seu projeto de lei. A mobilização de apoio conta, inclusive, com um abaixo-assinado virtual, que pode ser acessado pelo: https://chng.it/wMYCVXXkwk. Segundo Beth Sahão, a iniciativa é um contraponto à decisão do governador Tarcísio em homenagear o coronel Erasmo Dias com o nome de um trevo rodoviário na cidade do interior de São Paulo onde ele nasceu. "Foi a forma que encontramos para nos contrapormos ao gesto do governado, e à sua postura intransigente, evidenciada na resposta medíocre dada à ministra do STF Carmem Lúcia, quando questionado em uma Adin sobre a referida homenagem", afirmou Beth. A postura da professora frente a um dos expoentes da ditadura militar, naquele momento da invasão covarde à universidade, é ressaltada na justificativa do Projeto de Lei: "Dona Nadir, como era carinhosamente chamada por seus alunos, atingiu, no ano de 1976, o feito de se tornar a primeira reitora de uma Universidade Católica em todo o mundo, a partir da indicação de Dom Paulo Evaristo Arns. E a reitora, fiel à sua defesa da justiça e da dignidade humana, ao encontrar com o coronel e receber a ordem para que se apresentasse, disse: ?A casa é minha, apresente-se o senhor?. E, então, se recusou a cumprimentá-lo, pois, nas palavras dela, não dava a mão a assassinos".