Pesquisadora científica é agraciada com Colar de Honra ao Mérito Legislativo

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30/11/2023 11:23 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi

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Sessão Solene Helena Dutra<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2023/fg314719.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Há 40 anos, a ecologia não tinha a relevância que tem hoje. Faltariam ainda cinco anos para que o tema do aquecimento global fosse levado pela primeira vez ao Congresso dos Estados Unidos por James Hansen, o então diretor da Nasa, a agência espacial norte-americana. Mas essa ciência, tema de lições durante os quatro anos de cursinho preparatório, já teria capturado definitivamente o coração de Helena Dutra Lutgens, que, após ter conquistado sua tão sonhada vaga na faculdade de Medicina, acabou alterando sua trajetória para o campus de Rio Claro, da Unesp, ingressando na recém-criada graduação em Ecologia.

Essa escolha, e todas as consequências advindas dela, fizeram que, em 24/11, a Assembleia Legislativa outorgasse a Helena o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a mais alta honraria concedida pelo Parlamento Paulista. A iniciativa partiu de Carlos Giannazi (PSOL), que presidiu a sessão solene de entrega da comenda. "Homenagear Helena é homenagear todos os trabalhadores não só dos institutos de pesquisa, mas de todas as áreas da administração pública. São esses funcionários, aprovados em concurso público, que defendem a prestação de serviços de qualidade para a população", explicou o deputado, que conheceu a cientista na luta contra o Projeto de Lei 529/2020, que, junto com inúmeras maldades, extinguiu os institutos de pesquisa do Estado: o Florestal (ao qual Helena era vinculada), o Geológico e de Botânica. Com a fusão dos três institutos em um único órgão, a falta de autonomia funcional se somou ao desmonte de décadas, que já desfalcava de forma séria tanto a estrutura física dos institutos quanto os seus quadros de servidores.

Militância

Luiz Barretto, assistente técnico originário do Instituto de Botânica, comentou o início de carreira de Helena Dutra, que ingressou no Instituto Florestal como estagiária e depois foi contratada como ecóloga, tendo sido a primeira pessoa com essa formação no instituto. Só depois teve a oportunidade de prestar os concursos públicos, primeiro para o cargo de assistente técnica e, finalmente, para o de pesquisadora científica. "Helena entrou no Instituto Florestal [enquanto efetiva] como funcionária de apoio à pesquisa e não deu as costas à sua origem. Sua militância não é apenas pelos pesquisadores científicos, mas também pelos servidores de apoio", afirmou, tendo como certa de que essa característica persistirá no próximo biênio, quando a homenageada estará à frente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).

O desvio de função dos pesquisadores para áreas burocráticas, com a consequente queda na produção de conhecimento científico e tecnológico, também foi denunciado por Joaquim Adelino, que presidiu a APqC durantes os biênios 14-15 e 16-17. "O ideal seria que tivéssemos 10 funcionários de apoio para cada pesquisador, mas se tivéssemos três, já estaríamos muito contentes. Hoje temos um funcionário para 10 pesquisadores", lamentou.

Helena Dutra falou do "gostinho" de, no mesmo plenário que aprovou o PL 529, receber essa homenagem, que considera extensiva a todas as pessoas que se indignaram diante da extinção dos institutos de pesquisa. Ela recordou que, nos seus tempos de faculdade, as propostas do movimento ambientalista buscavam alternativas de desenvolvimento que aliassem a proteção ao meio ambiente ao lucro das empresas. Hoje ela não acredita mais na possibilidade de se adaptar o sistema capitalista. "Nós estamos chegando na beiradinha do precipício, e entregar para a iniciativa privada florestas, unidades de conservação ou serviços de água e de energia é correr em direção a ele. É preciso mudar o sistema para que se pense no coletivo, no bem comum", advertiu.

Participaram da sessão solene, além de familiares, amigos e colegas, a atual presidente da APqC, Patricia Bianca Clissa, os ativistas Fábio Sanches e Rogério Rabelo, da Rede Nosso Parque, a deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP), o vereador de São Paulo Celso Giannazi (PSOL) e o vereador de Mogi Guaçu Raphael Locatelli (CIDADANIA).


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