A médica psiquiatra Akemi Shiba evidenciou, nesta quinta-feira (23), o choque de diagnóstico em torno da incongruência de gênero, entre os critérios dos manuais CID 11 e DSM-5. Ela prestou depoimento à CPI da Transição de Gênero da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que investiga as práticas do Hospital das Clínicas da USP no tratamento de crianças e adolescentes transgêneros. Esse conflito, na visão de Shiba, afeta o debate sobre o caráter transitório ou perene da transexualidade no público infanto-juvenil. "Se não tem sofrimento, não é disforia, não é diagnostico, é variabilidade de gênero", afirmou a psiquiatra infantil citando o DMS 5, manual que trata de transtornos mentais. Shiba reforçou o posicionamento ao declarar que as mudanças corporais na puberdade geram dúvidas e angústias que "se revolvem naturalmente no final da adolescência." Ela ainda evocou princípios bioéticos como o da precaução. "Muitas vezes, pode ser confusão sobre a orientação sexual", frisou. A médica criticou os bloqueios puberais que, na opinião dela, interferem no desenvolvimento físico e emocional dos pacientes infanto-juvenis, abrindo a possibilidade de efeitos irreversíveis, caso venha a se arrepender futuramente - processo conhecido como destransição de gênero. Esta foi a sexta reunião realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito que é presidida pelo deputado Gil Diniz (PL) e possui nove membros efetivos.