20 anos da Constituinte Estadual de 1989 - A economia paulista e a indústria de transformação após a Constituição de 1989
.jpg)
A economia do Estado de São Paulo caracteriza-se como o espaço mais integrado e desenvolvido do cenário nacional. Possui a maior e mais diversificada indústria de transformação, além de concentrar significativos ramos dos setores de serviços, construção civil e comércio de mercadorias do país. A atividade econômica do Estado de São Paulo continua forte e hegemônica, porém seu perfil já não é o mesmo. Neste artigo avaliaremos os últimos 20 anos da economia paulista, enfatizando a indústria de transformação.
A contagem dos últimos 20 anos se inicia com a promulgação da Constituição do Estado de São Paulo em 1989. Entretanto, entre 1970 e 1980, já se observava uma taxa de crescimento anual média do PIB paulista de 8,7%. Nesse período, a política econômica nacional estava voltada essencialmente para a expansão e diversificação produtiva, com o objetivo de acelerar o crescimento, ampliar e diversificar as exportações. Esse crescimento também exigiu que a infraestrutura de transportes, energia e telecomunicações fosse contemplada com pesados investimentos.
A economia paulista foi duramente afetada pelas transformações que ocorreram no país desde o fim da década de 1970. As razões para esse fato são variadas. Dentre elas, podem ser citadas: a extensa crise que atingiu duramente sua estrutura produtiva industrial; e a "guerra fiscal" interestadual, responsável por parte expressiva da desconcentração industrial do período, notadamente do setor automobilístico e de produtos eletrônicos e nos ramos têxtil, calçados e vestuário, onde a informalização e o trabalho barato prevaleciam.
Nesse contexto, um aspecto relevante no processo econômico brasileiro é a forte diminuição do peso da indústria de transformação paulista, tanto no plano nacional quanto no estadual. A desconcentração industrial verificada afetou principalmente a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que perdeu gradativamente sua participação na indústria brasileira. Em 1970, a RMSP detinha 77,52% do Valor de Transformação Industrial do Brasil (VTI = Valor da Transformação Industrial, diferença entre o valor bruto da produção industrial e os custos das operações industriais), sendo que em 1990 essa participação diminui para 58,92%. No mesmo período, o interior do Estado saiu de uma participação de 22,48% para 41.
Abertura comercial e inflação
A promulgação da constituição paulista é, de certo modo, contemporânea à abertura comercial brasileira do início da década de 1990. Dados da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (Paep) mostram que a atividade econômica de São Paulo pode ser dividida, espacialmente, em três regiões:Região Metropolitana de São Paulo, que concentra o esforço inovador da indústria e do comércio estadual (e nacional), assim como ampla heterogeneidade técnica e funcional; entorno intermetropolitano, com estruturas econômicas diversificadas e complementares à RMSP; e interior, com preponderância da produção agroindustrial, mas com crescimento das áreas industriais e comerciais.
Assim como o país sofreu com altos índices inflacionários, a economia paulista não passou impune nos primeiros anos de 1990. Em 1990, o Estado de São Paulo concentrava cerca de 50% da produção industrial brasileira, caindo para 40% em 2006. Além disso, em 1990 o Estado paulista concentrava 48,2% do valor da produção nacional, e passou a concentrar somente 42,5% em 2006. Em relação ao número de empresas do setor industrial, o Estado concentrava 43,4% do total brasileiro em 1990. Em 2008, passou a concentrar 30,4% das indústrias do país.
Mesmo assim, o setor industrial continua sendo muito importante para a economia paulista e para a economia brasileira. É importante destacar que a indústria de transformação dos demais Estados obteve crescimento superior à indústria de transformação do Estado de São Paulo entre 2003 a 2006 (8,89% contra 5,74%).
Dados da PIA-IBGE de 1998 também mostram que o Estado de São Paulo respondia por 49% do VTI brasileiro; 48% do faturamento do setor; 33% das indústrias; 41% dos trabalhadores; 52% dos investimentos. Mas, em 2008, passou a responder por: 41% do VTI; 42% do faturamento; 29% das indústrias; 38% dos trabalhadores; 36% dos investimentos.
Crescimento inferior ao dos outros Estados
Entre 1998 e 2008, a evolução do VTI anual de São Paulo foi inferior à verificada nos demais Estados (1% contra 46%) e, dessa forma, observou um recuo de 8 pontos percentuais na sua participação para a formação do VTI industrial brasileiro. O faturamento também obteve evolução inferior à média dos demais Estados (6% contra 39%), resultando em uma queda de 6 pontos percentuais na participação do total do faturamento do setor industrial brasileiro.
O parque industrial não expandiu na mesma intensidade apresentada pelos demais Estados (14% contra 36%), perdendo participação (-12%) no total do parque industrial brasileiro. Além disso, o emprego do setor industrial evoluiu menos que nos demais Estados (34% contra 56%), ocorrendo um recuo de 3 p.p. na representatividade do Estado de São Paulo para a formação do emprego industrial brasileiro.
Com relação às atividades do setor de transformação, entre 1998 e 2008 o Estado perdeu posições em importantes segmentos com alto valor adicionado e intensidade tecnológica. Comparando, respectivamente, o VTI de 1998 e 2008 nota-se as seguintes diferenças nas participações paulistas.
No VTI: automobilístico passou de 71% para 49%; aeronáutico e outros equipamentos de transporte, passou de 52% para 48%; materiais e equipamentos de informática, passou de 64% para 43%; refino de petróleo e álcool, passou de 50% para 39%; materiais e produtos elétricos, passou de 70% para 54%.
Já na comparação do Faturamento temos: automobilístico passou de 69% para 49%; aeronáutico e outros equipamentos de transporte, passou de 48% para 45%; materiais e equipamentos de informática, passou de 65% para 58%; refino de petróleo e álcool, passou de 45% para 36%; materiais e produtos elétricos, passaram de 71% para 57%.
Custo São Paulo
Estados vizinhos "absorveram" o espaço deixado por São Paulo e ganharam maior representatividade para a indústria de transformação brasileira. Por exemplo, no VTI, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Amazonas em 1998 respondiam juntos por 28,1% do total brasileiro, passando para 37,3% em 2008.
Outro ponto importante é a arrecadação do Estado. Apesar da queda na diferença (-3 p.p) da arrecadação de ICMS por indústria paulista em relação à média de arrecadação no Brasil entre 2002 e 2007 (de 23% para 20%), uma indústria paulista, em 2007, recolheu de ICMS 28% a mais que uma indústria instalada em outro Estado (em 2002 essa diferença era de 33%). Corroborando o "custo de São Paulo", a despesa com demais impostos e taxas (IPTU, ISS, etc.) pago por uma indústria alocada no Estado cresceu 2,4% ao ano entre 1998 e 2007, enquanto que a mesma despesa paga por uma indústria alocada fora do Estado cresceu 1,5% a.a. Dessa forma, a diferença de 18% que havia em 1998 aumentou para 28% em 2007 .
Mesmo com os problemas destacados, apesar da queda de 7,8% nos investimentos em P&D pelas indústrias paulistas, o Estado de São Paulo ainda lidera no total de gastos com a atividade.
*Abdo Antônio Hadade foi deputado constituinte em 1989.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações