O mundo poético que se move na obra de Heros Kusano é evidente e tocante. Possui algo de diferente que o distingue, que podemos afirmar ser seu e sobretudo seu: um modo de reduzir suas cores à sua máxima essência. Estendendo a superfície, com traços de pincel sucessivos e breves que conseguem manter-se aéreos, o artista cria uma atmosfera de infinito, transformando as grandes distâncias dos campos ondulados de cana de açúcar em efeitos verdadeiramente sugestivos.

O campo brasileiro encontrou em Kusano, artista de profunda influência oriental, o seu "aedo", o simples, linear mas eficaz celebrante das serenas extensões bucólicas de uma terra rica e esplendida em qualquer estação do ano.

Entre as nítidas divisões do terreno e usando esse expressivo monocromatismo, entre os alinhamentos da vegetação que enquadram a paisagem atmosfericamente vibrante, consegue o pintor obter uma paisagem sui generis.

Por outro lado, usando suportes inusitados, tratados de modo especial, salpicados da areia de nossas praias ou da terra de nosso "hinterland", consegue Kusano construir obras fortes de profundo significado mas de um resultado refinado e ao mesmo tempo de fácil leitura.

Em toda sua obra atual, força e leveza se completam, fatos que trazem em si um cuidadoso respeito pela matéria, indicação de civilidade. Kusano deverá se transforma em iniciador de uma nova escola ligada aos valores mais simples, mas também mais eternos da arte.

Se a arte é, enfim síntese, o caminho da síntese é aquele percorrido por este jovem artista. A obra Campo de Vegetação, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é entre as mais despojadas na sua aparência. Intensa e rica de movimentos secretos, nela as razões do espaço possuem maior significado.

O Artista

Heros Kusano nasceu em São Paulo, em 1970. Formou-se bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado. Trabalhou na concepção e produção de cenários para teatro, filmes e Televisão (TV) no Brasil e no exterior, notadamente no Teatro Municipal de São Paulo, Adrenalina Produções, Zero Filmes e 5.6 Produtora, além do Práxis Theater Company em Londres na Inglaterra, onde permaneceu mais de seis meses.

Foi assistente de montagem da XXII Bienal Internacional de São Paulo e da montagem da Bienal 500 anos de Descobrimento, ambas no Parque do Ibirapuera.

Atualmente, trabalha como free lancer com pinturas relacionadas com ambiente arquitetônico e ministra cursos de pintura no Museu de Arte Moderna MAM, no Ibirapuera.

Participou de diversas exposições, destacando-se entre elas: O 2º Salão de Artes Plásticos Volkswagen, São Bernardo do Campo; "Cupim na Morsa" - Fundação Nacional de Arte, Funarte, São Paulo; "Horizontes 2002" - Alliance Française, São Paulo; e Espaço Cultural V Centenário, Palácio 9 de Julho, São Paulo (2002).