O inferno é aqui

Sem ter conhecido as delícias do paraíso, a classe média brasileira experimenta as agruras do inferno " em vida!
São muitos os indicadores que apontam, há tempos, o empobrecimento célere das camadas médias da sociedade. Estudos do sociólogo Álvaro Comin, da USP e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) " divulgados no ano passado " revelam que, em apenas nove anos (1995/2004), a renda média dos trabalhadores, independentemente de seu nível de escolaridade, caiu vertiginosamente: de 19,0% a 35,8%.
Entre os que mais sentiram na pele o efeito do baixo crescimento econômico, estão os que têm apenas o diploma do nível médio, 35,8%, e os que concluíram, sim, o curso superior, 28,8%, mas não deram prosseguimento aos estudos. Explica-se: por um lado cresceu " e muito " o número de pessoas que passaram a concluir no nível médio; por outro, em função do excesso de demanda por empregos, as empresas passaram a fazer uma quantidade maior de exigências, para diminuir o número de candidatos/vaga e baratear o custo da seleção.
Um grupo de economistas acaba de lançar um livro (Classe Média " Desenvolvimento e Crise) que traz novas e relevantes informações sobre o assunto. A partir de dados dos censos do IBGE, eles concluíram que, em vinte anos, de 1980 a 2000, sete milhões de cidadãos deixaram de pertencer à classe média. A maioria perdeu o emprego e não conseguiu mais recuperar o padrão de vida anterior. Houve, ainda, de acordo com os analistas, uma migração dentro da própria classe média. Nada menos que 70% dos que se encontravam nessa faixa tiveram uma sensível redução no valor de seus vencimentos, contra 30%, que ascenderam.
Hoje, eles estimam que, mantida a tendência de queda de renda verificada nos últimos anos, a classe média deve ter uma participação de 22,1% na economia brasileira, contra os 31,7% que tinha na década de 80.
Há uma série de fatores a explicar estes números. O principal deles, sem qualquer dúvida, é o baixo crescimento da economia brasileira. O que, de pronto, expõe ao ridículo o argumento brandido pelo presidente da República, segundo o qual o seu governo não tem pressa em promover o crescimento acelerado do PIB nacional.
Ora, é líquido e certo que o crescimento econômico por si só não irá resolver nossas mazelas num toque de mágica: eliminar a pobreza e o desemprego, além de distribuir renda. Mas é igualmente verdadeiro que, sem crescimento econômico vigoroso, não chegaremos a nenhum lugar. Não será distribuindo esmolas que redimiremos a nação. Quando muito " e se tanto ", aliviaremos nossas consciências.
Daí a necessidade, imperiosa, de os eleitores cobrarem dos candidatos mais que um compromisso vago com o crescimento econômico e a geração de empregos, trabalho e renda: é preciso que eles, os candidatos, nos digam de quê forma pretendem nos aproximar do futuro historicamente anunciado.
*Milton Flávio é professor de Medicina da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
www.miltonflavio.org
miltonflavio@al.sp.gov.br
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