Homenagens na Assembléia marcam 30 anos da morte de Vladimir Herzog






O jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão por agentes de repressão do Regime Militar, em 25 de outubro de 1975, foi homenageado pela Assembléia Legislativa com uma sessão solene e com a escolha de seu nome para a sala de imprensa da Casa, sede do Comitê de Imprensa da Associação dos Cronistas Políticos de São Paulo na Assembléia Legislativa.
A homenagem foi uma iniciativa do deputado Arnaldo Jardim (líder do PPS) e teve o apoio da Mesa Diretora do Legislativo.
Com presenças representativas de personalidades que se destacaram na luta pela redemocratização do país e pela liberdade de imprensa, a sessão solene foi marcada pela exaltação do símbolo de resistência que o jornalista morto se tornou.
Ao abrir os pronunciamentos, o deputado Renato Simões, que falou pela bancada do PT, ressaltou que "o sangue derramado por Vlado, como era conhecido, e por tantos companheiros marcaram a resistência democrática e foram fundamentais para o declínio da ditadura". Simões lembrou que a história da Assembléia Legislativa é marcada por momentos de omissão na defesa dos direitos humanos, tendo constituído sua comissão permanente sobre o tema apenas em 1995.
Palmiro Menuchi, ex-deputado e dirigente do Centro do Professorado Paulista (CPP), ressaltou o espírito democrático de Herzog, que era "muito forte, pois brotou de dentro".
Representando o governador do Estado, o secretário de Cultura, João Batista de Andrade, destacou que a Assembléia, com as homenagens, reforça a necessidade de se preservar a memória de nossa história política. "É necessário que se saiba por que Vlado foi morto, e que ele acreditava que a democracia podia ser construída sem o uso da força, mas através da mobilização ampla da sociedade. Ele morreu por isso", afirmou Andrade.
Ao lembrar o companheiro morto, Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas na época da morte de Herzog e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, fez referência à importância dessas homenagens e criticou a ausência de parlamentares e ocupantes de cargos no governo que viveram aqueles momentos e sabem da importância de Herzog para a garantia da democracia.
Pela bancada do PSDB e pela Liderança do Governo falou o deputado Milton Flávio. O parlamentar lembrou os períodos em que fez parte do movimento estudantil e da importância da participação dos estudantes nos dias de hoje nas discussões que ocorrem no Parlamento paulista. Lamentou a falta de memória do povo e afirmou que é necessário que exemplos como o de Vlado não sejam esquecidos.
Frente ecumênica contra a repressão
Um dos nomes de maior destaque na luta pela redemocratização do país, o rabino Henry Sobel afirmou que a morte do jornalista catalisou uma pressão da sociedade contra a tortura e serviu para que fosse criada uma frente ecumênica contra a repressão e a tirania. Sobel afirmou que é necessário que essas lembranças reforcem dentro de cada um o compromisso com o inconformismo diante da opressão. "O silêncio é o pior dos pecados, ele nunca beneficia a vítima, sempre o opressor", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Frederico Barbosa Ghedini, frisou que a morte de Herzog é um símbolo de resistência, que deve servir de rumo para toda a sociedade e principalmente para os jornalistas que têm a missão de resistir contra qualquer ameaça à liberdade.
Os deputados Edson Aparecido (PSDB); Fausto Figueira (PT), 1º secretário da Assembléia; e Jorge Caruso (PMDB), 1º vice-presidente, também estiveram presentes às homenagens.
Comitê de imprensa
Como parte das homenagens à memória de Herzog, a sala do Comitê de Imprensa da Alesp recebeu o nome do jornalista. O presidente da Associação dos Cronistas Políticos de São Paulo, José Afonso Primo, afirmou que estava orgulhoso, "pois ter o nome de Herzog gravado na sala vai contribuir para que lembremos sempre daqueles momentos que marcaram o início da reação de amplos setores ao regime militar". Primo, após lembrar o sepultamento do companheiro morto, destacou que "daqueles dias em diante, a sociedade civil não mais se calou, apesar das ameaças e da repressão que se seguiram". Primo disse que "cabe a nós a tarefa de não esquecê-lo. E este Comitê de Imprensa contribuíra com sua parte".
O presidente da Assembléia, deputado Rodrigo Garcia (PFL), afirmou que dar o nome à sala do comitê de imprensa da Assembléia de Vladimir Herzog é reafirmar a importância da luta pela liberdade e fazer uma homenagem a este jornalista que foi um dos responsáveis por restabelecer a democracia no Brasil. "Apesar de ser um país jovem e de ter muitas injustiças, o Brasil tem uma democracia consolidada."
Autor do requerimento para realização das homenagens, o deputado Arnaldo Jardim (PPS) ressaltou que o jornalista deve ser lembrado pelo seu trabalho como militante, como pessoa comprometida com as causas sociais. "E sua memória transcende a dimensão individual, pois ele protagonizou um momento que marcou a tomada de consciência política em nosso país, quando a disposição para agir superou o temor e o medo. Relembrá-lo após trinta anos significa reavivar os compromissos com a liberdade e consolidar uma democracia. Democracia que significa, além da liberdade de expressão, a diminuição das desigualdades e diferenças. Vlado está vivo na memória e nos compromisso que foram reafirmados nestas homenagens", afirmou.
Vlado
Nascido na Iugoslávia em 27 de junho de 1937, Vladimir Herzog veio para o Brasil com a família ao final da II Guerra e se fixou no bairro da Mooca. Em 1959, passou no vestibular para o curso de filosofia da USP e assumiu emprego de jornalista no jornal O Estado de S.Paulo. Em 1965, trabalhou na BBC de Londres. Em 1968, voltou ao Brasil e passou a trabalhar em produção publicitária. Só em 1970, voltaria ao jornalismo na revista Visão. Em 1975, assumiu a direção de Jornalismo da TV Cultura.
No dia 25 de outubro do mesmo ano atendeu uma convocação do II Exército e compareceu para depor no DOI-CODI. Poucas horas depois, após ser torturado, morreu aos 38 anos de idade.
Herzog, ao longo de sua vida, segundo relato de seus colegas, sempre defendeu a democracia e a liberdade de expressão.
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