Engenheiro aponta falhas graves nas compras de terrenos feitas pela Bancoop


A CPI que investiga supostas irregularidades e fraudes praticadas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop), presidida pelo deputado Samuel Moreira (PSDB), ouviu nesta terça-feira, 22/6, o engenheiro civil Ricardo Luiz do Carmo, profissional responsável por várias obras da cooperativa entre 1997 e 2005.
Ricardo do Carmo disse aos integrantes da comissão que os problemas financeiros da Bancoop começaram por volta de 2000. Segundo ele, um dos principais problemas da cooperativa foi a compra de terrenos para abrigar os empreendimentos. Ele destacou o caso do Portal do Jabaquara, projetado para ter 19 andares, numa área próxima ao aeroporto de Congonhas. A obra sofreu restrições por parte do Comando Aéreo Regional. A alteração do projeto original implicou elevação dos cutos e ônus extra para os cooperados.
O engeneheiro também falou sobre outros empreendimentos cujos terrenos apresentavam problemas. Um deles, em Pirituba, situava-se em área pertecente a uma indústria, cujas fundações deveriam ser aproveitadas, o que teria elevado drasticamente o custo da obra. Outros dois, um na Mooca e outro no Tatuapé, localizavam-se em áreas onde havia muita água no subsolo. Isso teria elevado os custos da fundação até três vezes mais, visto ter sido necessário o emprego de estações para fazer as fundações, uma técnica muito mais cara do que a prevista originalmente.
Ricardo do Carmo disse ter alertado a direção da cooperativa sobre os problemas apresentados pelos terrenos, todos comercilazados pela corretora Dellalibera, e que a compra deles deveria se dar com uma consulta técnica de engenheiros. Segundo ele, o então diretor Tomás Edson Botelho lhe teria dito: "Quem entende de cooperativa e de terrenos não é você. Cuide da sua área técnica".
Rombo financeiro
Como a Bancoop sempre vendeu unidades com preços abaixo do mercado, esses custos adicionais incorporados no decorrer das obras precisavam ser cobertos por recursos de outros empreendimentos, o que abriu as portas para desequilíbrios sistemáticos entre as receitas e as despesas da cooperativa.
A forma como a direção da cooperativa procurou sanar esses desequilíbrios financeiros foi ampliar o número de cooperados, oferecendo mais empreendimentos, que, segundo o engenheiro, nunca poderiam ser concluídos. "Percebi que a direção não estava mais preocupada em cuidar do que iria oferecer ao seus cooperados, mas apenas em vender mais e mais. A cooperativa não incorpora, por isso não pode tomar dinheiro no mercado financeiro, e também não tem fins lucrativos. Porém, isso não foi considerado pelos diretores."
O engenheiro Ricardo do Carmo também disse que o então presidente da Bancoop, Luis Malheiros, formou empresas para fornecer blocos e serviços à cooperativa. Ele falou da Mirante, fabricante de blocos, e da Germany, empreiteria que teria arrebatado todos os serviços contratados pela Bancoop para a construção de seus empreendimentos.
A crise financeira da Bancoop teria culminado com a criação de uma conta única para todos os empreendimentos, a chamada conta pool, idealizada por Marcelo Rinaldi e Alessandro, responsáveis pela contabilidade e finanças da Bancoop. "Desde então, a bola de neve ficou sem controle", concluiu Carmo.
Em busca de soluções
Segundo o deputado Ricardo Montoro (PSDB), a CPI precisa, além de buscar a responsabilização criminal dos culpados por essas fraudes e irregularidades, estudar como construir uma solução para os cooperados que foram lesados. O deputado Vicente Cândido (PT) concordou com seu colega, lembrando que a solução deve seguir um caminho que possa salvar essa modalidade de organização econômica, que é a cooperativa.
Os membros da comissão também aprovaram nesta terça-feira requerimentos dos deputados Bruno Covas (PSDB) e Vicente Cândido, que pedem aos poderes executivos municipal e estadual que forneçam cópias de eventuais pagamentos feitos à Bancoop e a empresas prestadoras de serviços contratadas por ela.
Participaram da reunião da CPI os deputados Bruno Covas (PSDB), Roberto Morais (PPS), Ricardo Montoro (PSDB), Waldir Agnello (PTB), Vanderlei Siraque (PT), Vicente Cândido (PT) e Antonio Mentor (PT), além do presidente Samuel Moreira (PSDB).
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