A reverie de Ricardo Lorente atinge profundezas inigualáveis


10/09/2002 17:07

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Obra  Implosão, do artista Ricardo Lorente<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/quadro.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA ASSESSORIA

Magia das cores e poder de transfiguração são características marcantes da obra abstrata de Ricardo Lorente, em cujas veias fala alto o sangue de Cervantes. Com efeito, Implosão, o quadro doado pelo Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (IPH) ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa é, segundo o crítico Emanuel von Lauenstein Massarani, superintendente do Patrimônio Cultural do Palácio 9 de Julho, "um verdadeiro campo de batalha, sem fronteiras".

O jovem pintor, nascido em 1966, enfrenta tanto o papel quanto a tela num trágico corpo-a-corpo, transformando através de seus gestos uma matéria passiva, inerte, em um ciclone passional em energia cosmogônica e sempre irradiante.

Massarani, analisando a obra, afirma que "é essa matéria, convulsa sob uma vontade de ação, que o interessa; a biologia dinâmica que de um trabalho paroxístico, nascido de um êxtase, gera a força centrífuga de uma criação passional, onde cada quadro é um organismo vivo que se desenvolve seguindo suas próprias leis; a inclusão da primeira expressão do gesto enraivecido numa nova estrutura plástica, num espaço revolucionário, expansivo, sem limites ao desejo".

"A sabedoria dessa pintura está, num certo sentido, escondida. Não se nota: ao contrário, temos a impressão, ao primeiro impacto, de um abalo dos sentidos. Depois a fantasia volta a ligar os nexos que pareciam dispersos; e seguindo a preciosa presença da luz, no interior da própria matéria, algo se agrega, a estrutura se recompõe. E o quadro se torna, aos nossos olhos, um mundo recriado: a memória de algo que se infiltrou dentro de nós e que não sabíamos possuir. Uma revolução deslumbrante".

alesp