São Paulo atrás das grades

As prisões deveriam ser conceitualmente, lugares de permanência daqueles que não apresentam condições de viver em sociedade. Nas celas deveriam ficar quem ameaça as pessoas de bem. Seriam locais de isolamento total: lugares para reflexão e recuperação. Escolas de civilidade, talvez.
Mas, longe disso, as prisões brasileiras, principalmente as paulistas, há muito tempo se tornaram verdadeiras universidades do crime. As autoridades "incompetentes" não dão a esses infelizes as mínimas condições de recuperação. Pior: eles são os donos de nossos presídios. Controlam lá de dentro suas quadrilhas. Dão as cartas e comandam o crime organizado.
A situação em São Paulo, o Estado da insegurança pública, é uma das piores do Brasil. A onda de rebeliões a que se assiste hoje não pode ser encarada como um momento isolado. Há mais de um mês, os agentes penitenciários vêm alertando as autoridades sobre os motins que vinham sendo preparados pelas organizações criminosas, que têm seus cérebros dentro das cadeias. Informado sobre o risco iminente, há mais de um mês avisei, por meio da Assembléia Legislativa, que os movimentos eclodiriam a qualquer momento.
Os agentes penitenciários, por sua vez, acabam sendo os primeiros alvos dos bandidos durante as rebeliões. Esses pais de família saem de casa para o trabalho com a certeza de que aquele pode ser o dia em que não retornarão para seus filhos. Sabem que um motim está para acontecer e que eles poderão se tornar reféns. Não adianta avisar as autoridades. Da forma como a administração penitenciária é conduzida, esses profissionais não têm vez nem voz.
Há mais de um ano, alertei o governo estadual de que era necessário mudar a forma de tratar o crime organizado dentro das prisões. Informei sobre a necessidade de se criar mecanismos de inteligência que agissem nas cadeias, como forma de evitar a organização dessas facções.
Enquanto isso, o governador e candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), com a cara de santa inocência, dá entrevistas minimizando as rebeliões. Declara que é algo orquestrado, insinuando que, em função disso, não tem grande importância. Ora, é óbvio que se trata de algo muito bem organizado. E que só o é em função de seu desgoverno, devido à incapacidade do Estado em lidar com os problemas reais que assolam a população.
Com mais essa onda de rebeliões, Alckmin termina sua passagem à frente do principal Estado da nação com a marca de ter sido uma nulidade em segurança pública, um zero à esquerda no combate ao crime organizado, que consegue mandar até quando seus líderes estão confinados em um sistema prisional destruído. Priorizou-se a construção de prédios, sem preocupação em garantir que as prisões fossem de fato locais de isolamento. Longe disso, as rebeliões continuará a destruir tudo o que foi construído com o dinheiro dos cidadãos. Enquanto isso, a população de bem fica obrigada a se confinar atrás das grades de suas residências, com medo dos bandidos.
Romeu Tuma* é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo.
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