Sem desculpas

Pois é, minhas senhoras e meus senhores: o "partido da ética" ruiu. Muitos dos seus caíram sem pára-quedas no lamaçal que ajudaram a construir. É difícil estimar quantos outros terão destino semelhante. As investigações, como se sabe, estão dando apenas os seus primeiros passos. Impossível saber o que ainda virá à tona. Estamos entrando numa fase do processo em que nunca se sabe o que farão, cedo ou tarde, os abandonados à própria sorte pelos mais graúdos. Dizem que na vida tudo tem um preço. Não haveria de ser diferente com o silêncio dos culpados.
O que me chamou a atenção nos últimos dias foi a desfaçatez com que uns e outros clamam agora por bom senso e serenidade, equilíbrio. Uns e outros, agora, criticam toda e qualquer forma de prejulgamento, condenação sumária. Uns e outros, de repente " e não mais que de repente, como diria o poeta " se transformaram em paladinos da prudência. Vejam bem: o que estes senhores agora pregam é o óbvio ululante, nada mais que isso. E não reside aqui o seu pecado venial. O pecado capital dessa gente mora na soberba que serviu de andaime às suas carreiras políticas.
Dias atrás, numa de suas alucinadas falações, o presidente disse que não se pode crucificar uma pessoa sem provas. Até porque, se provada sua inocência, ninguém vai tirá-la da cruz. O ex-ministro José Dirceu (PT), a contragosto, teve que admitir que, no ano de 2000, foi leviano ao execrar por todos os meios o ex-chefe da Secretaria Geral da Casa Civil do governo FHC, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Naquela época, a corda e a caçamba, perdão, Lula e Dirceu, mas não só eles, comandaram um verdadeiro linchamento moral de Eduardo Jorge. Queriam atingi-lo, mesmo sabendo de sua inocência, para desgastar o presidente da República e aplainar a estrada que, lamentavelmente, levou Lula ao Palácio do Planalto.
Comprovada na Justiça a inocência de Eduardo Jorge, nenhum dos dois veio a público para pedir desculpas pelo que fizeram. Assim como a público também não vieram todos os que, petistas ou não, o acusaram levianamente. O que, a bem da verdade, dá a exata dimensão de seu caráter. Além, é claro, de evidenciar que, para boa parte dos próceres petistas, a única ética possível é a ética da sua conveniência. E por que só agora eles pedem desculpas e bom senso aos outros? Porque agora estão se afogando no pântano que sua própria gente criou " ou, na melhor das hipóteses, ampliou de maneira exponencial.
Que não haja ilusões. Lula nunca foi "Lulinha paz e amor". Aquilo tudo foi uma invenção cara de Duda Mendonça. Lula, o verdadeiro, é este mesmo que está aí: rancoroso, atrevido, presunçoso e incompetente, a fazer as bravatas que sempre fez. Que acha uma ofensa alguém questionar as razões que levaram uma concessionária de serviço público a comprar, por R$ 5 milhões, a micro-empresa de um de seus filhotes.
Que não haja ilusões. José Dirceu nunca foi humilde, antes pelo contrário. Nunca passou de um prepotente que se gaba do tiro que não levou. No início de seu depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deixou claro que está sob toda a sorte de suspeição por conta de sua importância para a história do país. Francamente, Zé!
Que não haja ilusões. Lula e Dirceu " e não só eles " nunca tiveram compromisso algum com a ética. Quem tem ética não denigre, por conveniência, a honra alheia. Eles sempre se preocuparam apenas com seus próprios interesses. Fez muito bem Eduardo Jorge ao rejeitar publicamente o falso pedido de desculpas de Dirceu. Como ele, o pedido não era mesmo para ser levado a sério.
*Milton Flávio (PSDB) é professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu, deputado estadual e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
miltonflavio@al.sp.gov.br
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