De Esperantina e cheia de esperança


29/08/2007 19:43

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Deputado Valdomiro Lopes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/valdomiro lopes0023.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Quem andar pela periferia das grandes cidades vai encontrar muitas histórias de pessoas, que apesar do sofrimento, mantém a garra e a esperança. Numa dessas andanças eu conheci a Dona Aldeni moradora do bairro Santo Antonio, em São José do Rio Preto/SP. Ela veio de Esperantina, vilarejo localizado ao norte do Tocantins, numa área de grandes conflitos de terra, que faz parte do conhecido Bico do Papagaio, na divisa com o Maranhão. Lá ela se casou, teve 11 filhos, e conta, com orgulho, que só perdeu dois. Ela e a família moravam numa casa de barro e trabalhavam na roça para plantar o que comer.

Um dia, por volta de 1997, uma amiga lhe ensinou que deveria fazer o auto-exame das mamas. Qual não foi o susto ao descobrir um nódulo na mama esquerda. Sentiu que precisava de socorro urgente. Foi quando decidiu vir para São José do Rio Preto, onde residia a filha mais velha, casada com um rapaz da região. O diagnóstico foi confirmado: câncer de mama. Fez a mastectomia, seguida de quimioterapia, e foi obrigada a permanecer por aqui.

E a vinda do marido e dos restantes dos filhos não demorou a acontecer. Sem lugar para morar, tomaram posse de um lote no Jardim Santo Antonio. Lá ele construiu um barraco de madeira e lona, onde se instalaram. Aldeni cuidava da casa e o marido fazia de tudo um pouco: catava papel, latas e ferro velho. Hoje ela mesma diz: "está muito melhor", pois o marido é servente da creche e ganha R$400. Ela ainda cuida de três filhos, três netos e do marido e agora mora numa casa de "material", que é de tijolo aparente, sem reboco e com a rede elétrica à mostra. A casa não tem caixa d´água. Uma das filhas vive no Posto de Saúde com problemas respiratórios, mas dona Aldeni não perde a esperança. Quer ver sua casa rebocada, pintada e sem falta de água.

Perguntei qual a causa dos problemas de saúde de sua filha e ela não soube responder. Mas, como médico sei que uma das causas da Bronquite Asmática está nas condições precárias das moradias inacabadas. Foram histórias como essa que me inspiraram a propor o projeto de lei que cria o Programa Minha Casa de Cara Nova. Ele tem o objetivo de fornecer recursos de financiamento para o término de moradias inacabadas para as famílias de baixa renda e moradores de bairros periféricos e favelas e está pronto para ser votado na Assembléia Legislativa de São Paulo. Feito para melhorar a saúde e as condições de moradia das residências de pessoas como a de Dona Aldeni, espero que ele seja logo transformado em lei. Ajudando a esperança a se tornar realidade.

*Valdomiro Lopes é médico e deputado estadual pelo PSB

alesp