A desmitificação do PT

No seu livro O Nome da Rosa, o escritor italiano Umberto Eco fala de monges
que pregam a abstinência, fazem votos de manter-se apenas com o que for essencial e criticam os leigos pela vida dissoluta. No seu cotidiano, contudo, vão fazendo interpretações bem mais flexíveis da rígida regra monástica para justificar
banquetes, ociosidade e a satisfação de outras paixões. Para os personagens
que chefiam o mosteiro qualquer coisa é válida para garantir que os valores
que defendem sejam preservados, alternando o suborno dos privilégios e com
as ameaças para enquadrar a todos em um projeto que mantenha seu poder. É impossível não traçar um paralelo com a atual situação do PT, que toda a vida apresentou-se como o monastério de carmelitas descalças da política nacional, único luminar da ética na política, repositório das virtudes públicas em meio ao mar de lama no qual chafurdariam os demais políticos e partidos.
Já se disse que a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, afinal significa a tentativa de travestir as más ações com uma aparência de inocência que reconhece o mérito do que é bom a ponto de tentar esconder dos demais o que há de ruim.
Agora todo este véu da virtude hipócrita caiu por terra e o que se vê na paisagem desvelada é que o PT é um partido idêntico aos demais, com pessoas boas e ruins, com acertos e erros, com ambições mesquinhas e também com atitudes de grandeza. Desapareceu o mito de um séquito de guardiãs imaculadas da ética para surgir a dimensão de um partido feito de seres humanos idênticos aos demais. Nem mesmo o PT devia temer esta desmistificação, é positivo para a nação que ela amadureça e veja as coisas como elas são, assim como há um momento no qual a criança amadurece e não precisa mais acreditar em Papai Noel ou temer que a cuca venha pegá-la.
As verdades escondidas são uma fonte de poder, como mostra o romance de Eco, mas também são uma fonte de corrupção moral porque, em nome da preservação do segredo a qualquer custo, se tentam justificar os mesmos crimes. Enquanto se fantasiava com a imagem de noiva pura e virgem, o PT podia chamar a todos os demais de prostitutas. Mas a hipocrisia também cobra seu preço, impõe seu tributo a todos aqueles que utilizam dos disfarces que ela oferece. O imposto da falsidade é que, uma vez desvelada a conduta do fariseu, a punição da sociedade é ainda mais grave, porque todos enxergam que há ali o duplo erro, não só o de se cometer a falha, mas a de tentar ocultá-la, com o agravante de que enquanto se prega uma coisa se faz justamente o contrário.
A severidade com a qual se julga o PT não é só reflexo dos duros critérios com os quais eles julgaram os outros, do fato dele agora ser medido e pesado com o metro e a balança que usaram contra os adversários. É também a consequência do choque de todos ao saber da vida secreta da noiva imaculada que todas as noites pulava a janela para divertir-se à exaustão em algum inferninho de baixa reputação, acompanhada de cáftens e devassos. A crise será menor na medida em que o PT, pego em flagrante neste bacanal, e seus integrantes tenham a humildade de reconhecer seus erros e pedir desculpas, descendo do pedestal de semi-deuses da ética no qual se colocaram em toda história petista, assumirem que são pobres mortais como todos os demais, penitenciando-se da arrogância e punindo seus
culpados.
*Deputado Campos Machado é advogado, líder estadual e vice-presidente
nacional do PTB.
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