Cecília Walton sabe se servir da cor, até a mais profundamente escura, para articular formas, determinar ritmos, exprimir com eficácia sintética impressões nascidas de uma paisagem, de uma floresta, de um cenário carregado de séculos e de glória.Em suas telas, a cor ressoa e canta, ela constitui a mediação entre o mundo interior do artista e o do público, que percebe aqui tanto a alegria quanto a tristeza, ambas criativas, de uma pintora que sabe elevar a verdade sobre o plano da poesia, separando-a de certas friezas estáticas, de certos módulos hoje superados, para propô-la de modo inovador.Sua originalidade não é berrante, suas vibrações surpreendentes possuem um acento sempre acessível, em que a validade própria da arte não renuncia a sua missão, não só estética e espiritual, mas social e ética.Ímpeto, fervor, entusiasmo e exuberância são revelados a quem observa suas obras, nas quais uma orgia de timbres, de tons e semitons, com veemente presença fauve, parece dominar a pintora, que imprime em suas telas cores e luzes bastante sombrias, de resultado quase abstrato.Cecília Walton efetua suas escolhas atendo-se sobretudo aos impulsos da própria natureza, da qual ouve as sugestões e traduz as implicações que a induzem a motivos figurativos e a levam a estruturar a visão nos esquemas de um abstracionismo assumido. Sua obra Floresta, incluída no Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é significativa dessa fase.A artistaCecília Walton nasceu em São Paulo e desde pequena se dedica às artes. Formou-se em desenho industrial pela Fundação Armando Álvares Penteado em 1983.Cursou design de jóias pela Escola Nova São Paulo (1987); história da arte com Nelson Screnci (1997) e com Rodrigo Naves (1999). Estagiou nos ateliês de Leda Catunda e Sérgio Romagnolo (1995, 1997 e 1998) e de Marco Giannotti (2000, 2001 e 2002).Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se: Clube Paineiras do Morumbi, São Paulo; Compasso Arquitetura e Design, São Paulo (1999); Fancy House, São Paulo (2000); 34º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba; Mube, São Paulo (2002).