Relacionamento do Legislativo com a sociedade é tema da aula inaugural do Curso de Ciência Política do ILP
17/09/2007 20:58

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O professor Rildo Cosson, que ministrou na tarde desta segunda-feira, 17/9, a aula inaugural do ILP " Instituto do Legislativo Paulista, na Assembléia Legislativa de São Paulo, falou de como sua aula ajuda o cidadão a compreender melhor a democracia e a refletir sobre os perigos de uma generalização negativa sobre a atuação dos políticos: "A sociedade brasileira encara o legislativo como algo prejudicial, se não inútil. Eu aproveitei esse mote para mostrar que essa percepção não é conseqüência dos últimos escândalos, mas é algo que faz parte da sociedade brasileira " uma sociedade autoritária em muitos aspectos ", e que a relação com a democracia sempre foi uma relação problemática. Como o legislativo é exatamente a expressão maior de um posicionamento democrático, esse relacionamento, que sempre foi difícil, tende a ficar um pouco mais exacerbado".
O professor conta que, numa pesquisa de 1998, o povo já dizia que os brasileiros, de uma maneira geral, somos trabalhadores e honestos, e que os políticos, particularmente, são desonestos e preguiçosos, de onde conclui que essa imagem que o político carrega não é nova. O fato novo é que a qualidade funcional do legislativo, que, segundo o professor, é de preservar a democracia, está começando a falhar. "E esse é o perigo".
Rildo diz que estamos vivendo uma fase perigosa de nossa história, em que se combinam duas forças terríveis: "a primeira, o cinismo, no sentido de as pessoas acharem que "nós somos limpos, mas os políticos são todos sujos", uma generalização falsa e muito forte; e a segunda é a indiferença, "isso não tem nada a ver comigo, minha vida é limpa, e a do político é suja". A combinação dessas duas afirmações abre espaço para o descrédito da instituição."
Perguntado sobre se a causa desse descrédito tem a ver com a facilidade da imprensa , que passou a ter acesso às ações dos políticos de uma maneira quase que total, Rildo foi enfático em dizer que a grande preocupação não deve ser se temos o grau de liberdade para denunciar, mas sim, nas conseqüências das generalizações. "O brasileiro recusa certos padrões de comportamento político, mas quando ele mistura as ações isoladas com os partidos e com a instituição, ele está fazendo um nivelamento que não serve à democracia".
O professor disse que tanto a Câmara como o Senado precisam reagir contra esse conceito, que é fomentado de certa forma pela imprensa. "Não que exista um quarto poder oculto, uma campanha da imprensa, nada disso. Nós temos é que preservar a instituição e fazer com que ela passe a cumprir o seu papel, que é o de preservar a democracia."
Rildo fala das ações práticas que o legislativo pode promover, como o Letramento Político, que envolve os processos, as práticas, as atitudes e os valores democráticos. Um movimento educativo, mesmo. Educar para a cidadania. Levar para o povo, para as escolas, associações, comunidades, a promoção dos valores democráticos, de tolerância, igualdade, liberdade. Explicar esses valores, o direito da participação, o direito de influenciar, para que as pessoas comecem a perceber que a política não é essa coisa suja, como nos é colocado a cada momento, que política é, na verdade, um compartilhamento.
"A política começa na vida diária das pessoas, começa na nossa casa. A democracia é uma experiência de construção diária".
"É muito fácil dizer que os políticos são corruptos, mas aí eu vou na fila do supermercado e passo na frente das pessoas. Na fila do banco, ou do supermercado, eu deixo alguém guardando a minha vaga, pago para alguém guardar a minha vaga. Então eu sou muito democrático, mas as minhas práticas diárias são muito pouco democráticas. Na minha casa, o papel higiênico da minha empregada é um, do meu quarto é outro, porque ela não tem as necessidades que eu tenho, ela não é um ser humano como eu. Quando eu começo a desrespeitar o outro, nas minhas próprias relações, que direito eu tenho de exigir que os políticos sejam diferentes", questiona Rildo.
"Nas reclamações dos eleitores com relação à classe política, cabe dizer que os políticos que estão lá não são de outros planetas, eles vêm da casa de vocês, da comunidade de vocês. Aliás, eles estão lá porque são representantes de vocês, vocês mandaram eles para lá. Então se Brasília é uma ilha da fantasia, é porque o Brasil inteiro está sonhando com essa fantasia. Esse tipo de consciência, de que os políticos são o resultado das nossas escolhas, precisa ser criado. O legislativo precisa construir a democracia com ações muito concretas, precisa promover a educação, tem uma missão educativa a cumprir."
Quando a ONU organizou o encontro de educadores para a democracia, discutiu-se muito a questão de financiamento, dos fundos para essa matéria. As pessoas questionavam se insistir na educação para a democracia, quando as pessoas estão morrendo de fome, não seria um erro. Chegou-se à conclusão de que a gente não escolhe a importância, essas coisas caminham juntas.
"Quando você vai para a comunidade e mostra como a democracia funciona, seus valores, essa comunidade começa a aprender as relações de poder, começa a saber se relacionar e começa a atuar politicamente, e essa atuação é muito mais duradoura do que ir lá e resolver o problema dela, que é a solução autoritária. Nós queremos algo muito mais amplo. A velha história de ensinar a pescar, em vez de dar o peixe, transformando parte do legislativo num lócus de conhecimento da democracia", finalizou o professor.
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