Futebol, confusão e intolerância

Infelizmente o cidadão comum não tem mais condições de ir ao estádio de futebol torcer pelo seu time do coração. Os riscos são tantos que não sabe se ele será vítima da intolerância de marginais que se infiltram nas torcidas organizadas com o objetivo de brigar e até matar. Não bastasse isso, o torcedor corre ainda o risco de assistir a uma partida manipulada por um árbitro mal intencionado. O jogo acompanhado com tanta emoção pode ser remarcado sem que seus direitos de consumidor sejam considerados.
O escândalo do apito, que veio a público recentemente, é só mais um capítulo de uma triste realidade que parece não ter fim. Os desmandos do futebol brasileiro, uma das principais paixões nacionais, superam qualquer lógica da racionalidade humana. Dirigentes que comandam o futebol agem sem qualquer compromisso com a vida e o direito das pessoas.
O resultado é sempre uma tragédia. Não que as cenas de violência possam servir de desculpa para tanta intolerância, mas é difícil entender as razões de o Brasil, pentacampeão e favorito para a próxima Copa do Mundo, enfrente tamanha crise em seu esporte mais popular.
A sucessão de erros é, no mínimo, intolerável. Na tentativa de resolver uma trapalhada passada, cometem-se mais e mais injustiças. As remarcações no atacado das partidas apitadas por Edílson Pereira de Carvalho foram uma dessas barbaridades. Quem se sente prejudicado acha-se no direito de fazer justiça com as próprias mãos.
O exemplo da torcida santista no clássico contra o Corinthians foi flagrante. Deixou-se de lado o que aconteceu em campo. Qualquer resultado que não fosse a vitória do time da Vila Belmiro acabaria em confusão. E foi o que aconteceu. Os próprios jogadores do Santos perderam a cabeça quando o placar estava adverso. A revolta da torcida foi apenas conseqüência.
De outro lado, a polícia, muitas vezes mal comandada, bate cabeça e acaba por sobrepor os erros. Em nome da paz, cobre-se um santo para descobrir outros tantos. Depois da morte de torcedores de Palmeiras, Corinthians e Ponte Preta, a Segurança Pública do Estado resolveu agir.
Na tentativa de inibir a violência, durante o recente confronto entre São Paulo e Corinthians, na última segunda-feira, um batalhão de dois mil policiais foi para as ruas dos mais diferentes bairros da capital. Pressionado, o governo fez aquilo que tanto a população clama: colocou mais polícia nas ruas. Quem sabe, se houvesse um clássico por dia, os índices de criminalidade poderiam ser reduzidos, uma vez que só assim existe uma ação preventiva de fato.
Mais uma vez tenta-se abafar os efeitos sem combater as causas. Lógico que é necessária toda a repressão policial possível contra esses bandidos travestidos de torcedores. Mas, acima de tudo, é preciso enxergar a origem dos problemas. Não é de hoje que defendemos uma ampla investigação do futebol paulista para escancarar toda a sujeira que existe sob os tapetes da Federação e clubes. Só assim, quem sabe, o cidadão de bem possa voltar ao estádio para poder vibrar com seu time, sem sair com a nítida impressão de que está numa guerra civil.
Aliás, sugiro que todos os cidadãos bem intencionados solicitem ao governador uma equipe de segurança para acompanhá-los quando forem a quaisquer eventos esportivos ou culturais. Só desta forma, para se verem livres do assédio dos flanelinhas, cambistas e arrombadores em geral. Afinal, se para criminosos infiltrados em torcidas há segurança especial, para o cidadão também deve haver.
*Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo.
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