Da assessoria do deputado Emidio de Souza

Mais de 400 moradores de Osasco e da Capital atingidos pelas cheias do Ribeirão Vermelho, que fica na divisa destes dois municípios, estiveram na Assembléia Legislativa nesta quinta-feira, 26/6, para entregar a cada um dos 94 deputados documento pedindo a inclusão de recursos no Orçamento do Estado de 2004 para a realização de obras objetivando resolver o problema.

O presidente da Assembléia Legislativa, Sidney Beraldo (PSDB), recebeu o documento no Hall Monumental do Palácio 9 de Julho e se comprometeu a encaminhar a principal reivindicação da Comissão contra Enchentes da Bacia do Braço Morto do Rio Tietê: agendar audiência com o governador Geraldo Alckmin para sensibilizá-lo à inclusão de verbas para o início das obras no próximo orçamento do Estado.

A vinda dos moradores à Assembléia e a entrega do documento ao presidente foram agendadas pelo 1º secretário da Casa, deputado Emidio de Souza (PT), que mora em Osasco. Em pronunciamento no plenário da, o parlamentar disse que mais de 100 mil moradores de Osasco e da Capital são atingidos todos os anos pelas enchentes do Ribeirão Vermelho durante a época de chuvas, de janeiro a março.

"Quando chove, vocês vêem a doença entrar pela porta de suas casas. Todos vocês têm histórias sobre pessoas que morreram devido à leptospirose. Entra ano, sai ano e o problema se agrava. Cansados de esperar uma solução, os moradores se organizaram e vieram à Assembléia Legislativa para acabar com essa vergonha", declarou o deputado. Ele disse, ainda, que o orçamento do Estado para este ano é de R$ 54,5 bilhões e que uma pequena fração desse total teria sido suficiente "para resolver definitivamente o problema".

O padre Mário Pistor, da paróquia da Vila Piauí, na Capital, ao entregar o documento ao presidente Sidney Beraldo, disse que fazia um apelo "de longa trajetória" para que as autoridades assumam a solução das enchentes. "Em nome de todos os presentes apelo aos deputados que incluam no orçamento de 2004 os recursos necessários para as obras", acrescentou.

O presidente da Assembléia frisou que a manifestação tinha sentido e elogiou a disposição dos moradores de vir à Assembléia reivindicar seus direitos, como exercício democrático. "O fato de já ter sido vereador e prefeito de São João da Boa Vista me faz saber das dificuldades de quem enfrenta enchentes. O mais adequado é que o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) coloque os recursos como uma de suas prioridades orçamentárias para 2004. Assumo o compromisso de trabalhar por vocês, de ser mais um na busca de uma solução definitiva para as enchentes", disse.

Documento

No documento entregue aos deputados, os moradores dizem que é de conhecimento público que as enchentes, em proporções cada vez mais assustadoras, atingem diversos bairros. A população, conforme o documento, exige uma ação do governo do Estado, já que "ninguém suporta mais ver enchentes que afetam milhares de pessoas que a cada ano perdem móveis, tranqüilidade, noites de sono e que os imóveis estão se desvalorizando".

Após relatarem as diversas reuniões com autoridades dos municípios de Osasco e São Paulo e do Estado, culminando num plano diretor de canalização do Ribeirão Vermelho elaborado pelo DAEE, os moradores dizem que nunca obtiveram resultados positivos: "Há sempre desculpas e a população não tem mais condições de ficar sem uma solução definitiva para o problema, que tem conserto, mas precisa de ação dos responsáveis".

As enchentes do Ribeirão Vermelho acontecem há, pelo menos, quatro décadas. Quem sintetizou o drama dos moradores do entorno do Ribeirão foi Pedro Jimenez Fernandez, 40 anos, casado, da Comissão de Representação do Ribeirão Vermelho-Vila Piauí. Ele nasceu e reside até hoje no local. "Desde que nasci estou nadando porque todo o ano tem enchente", diz.

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