Além do cheque

A cada ano, cresce no país o número de empresas que se dedicam à filantropia. Muitas delas vão além: transpõem, por assim dizer, a fronteira da distribuição de dinheiro, comida, roupas e remédios, ao incentivar também o trabalho voluntário entre seus funcionários. Pouco importa o fato de que, freqüentemente, tais ações sociais sejam por elas usadas para melhorar sua imagem e a de seus produtos junto aos consumidores. É legítimo que o façam. O que, na verdade, importa são os benefícios que levam aos mais necessitados.
Está mais que provado que todos se beneficiam desse processo interativo: os que recebem orientação e os que orientam e dedicam ao próximo seus conhecimentos profissionais. É a velha história: tão importante quanto dar o peixe ao necessitado, é ensiná-lo a fazer bom uso do caniço. Afinal, é preciso, sim, aplacar a fome de quem não tem o que comer. Mas isso não pode servir de pretexto para perpetuar a miséria em que vivem milhões de pessoas.
Em outubro de 2001, pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha nos revelou que 83% das pessoas entrevistadas consideravam o trabalho voluntário "muito importante" para o país, para o seu desenvolvimento econômico e social. Outras 12% entendiam que era "um pouco importante". Só 2% das pessoas ouvidas o viam como algo sem importância. De acordo com aquele levantamento, apenas 12% das pessoas já tinham e continuavam a trabalhar em prol dos necessitados de maneira voluntária, enquanto 73% jamais tinham participado de tarefa desse gênero.
Pela leitura dos números, só nos restam duas alternativas: ou concluir que as pessoas foram cínicas e atribuíram à solidariedade uma importância que, a rigor, elas não dão; ou que elas, por falta de oportunidade e incentivo, não participam dos trabalhos voluntários. Entre uma e outra opção, fico com a segunda. Não porque este seja, por assim dizer, um argumento do tipo "politicamente correto", mas porque a experiência nos mostra que, em geral, as pessoas estão sempre dispostas a colaborar com ações de interesse coletivo.
Foi esta convicção " a de que, estimulados, os cidadãos se engajam nas boas causas " que me levou a apresentar à Assembléia Legislativa de São Paulo, em novembro de 2001, um projeto que cria o selo "Empresa Amiga de São Paulo". Graças ao apoio dos deputados e da sensibilidade do governador Geraldo Alckmin, o que era uma idéia acaba de virar lei " a lei 12.234/06, publicada no Diário Oficial em 18 de janeiro. Dentro de 180 dias, no máximo, ela estará regulamentada.
Farão jus ao selo as empresas instaladas em São Paulo e que incentivem seus funcionários a participar de projetos de interesse social. O selo terá a validade de um ano, com direito à renovação a cada doze meses. A empresa está autorizada a usar o selo em suas peças promocionais, correspondências ou nas próprias embalagens de seus produtos. A meu ver, esta é uma forma de incentivar novas ações sociais e o aumento do número de pessoas que se dedicam ao trabalho voluntário.
Não basta, como sempre alerta o empresário Antônio Ermírio de Moraes, fazer um cheque, embora, freqüentemente, ele seja imprescindível. É preciso ir além, pois é verdadeiro o fato de que o trabalhador voluntário, aquele que dá gratuitamente o melhor de si aos outros, é o maior beneficiário de sua ação. Na verdade, a lei 12.234 foi inspirada por este espírito.
Milton Flávio é professor de Urologia da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
www.miltonflavio.org
miltonflavio@al.sp.gov.br
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