A face oculta dos EUA

A cidade norte-americana de Nova Orleans adquiriu fama mundial pela música. A profusão de ícones do jazz e do blues deu à cidade o status de "Meca", uma parada obrigatória para os amantes da boa música. Em 29 de agosto, essa imagem de riqueza foi dissipada por ventos que chegaram a 248 quilômetros por hora e expuseram ao mundo uma realidade até então desconhecida " a desigualdade social e a miséria do grande império norte-americano. A passagem do furacão Katrina deixou um rastro de morte e destruição em quatro estados " Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida. Até agora, quase um mês depois da tragédia, o número de mortos está em 973 e a contagem continua, lentamente, no ritmo da reconstrução organizada pela administração Bush.
As cenas de resgates milagrosos de idosos agarrados aos cães de estimação, de gestos de generosidade e abnegação, da reunificação milagrosa de parentes deram lugar às cenas de "Terceiro Mundo", mostrando as entranhas da tragédia em meio à incredulidade da população americana e mundial. A cidade de Nova Orleans, formada por uma população predominantemente negra (73%), se tornou símbolo da tragédia. Teve 80% do seu território tomado pelas águas, uma situação insustentável que levou o prefeito, Ray Nagin, a cobrar com veemência uma atitude da Casa Branca " levantem a bunda da cadeira!
Demorou uma semana para Bush visitar a cidade e constatar sua incompetência de lidar com mais de 200 mil desabrigados e reconstruir as áreas atingidas. Uma hesitação incompreensível, diante da potência militar que não poupou esforços para invadir o Iraque "virtualmente sozinho", passando por cima da ONU (Organização das Nações Unidas), sem que houvesse uma real emergência e sem provas da presença de armas de destruição em massa naquele país.
O fenômeno Katrina fez com que os americanos começassem a olhar para o seu próprio quintal. Resumindo, as pessoas com carros puderam obedecer a ordem de evacuação, mas muitas outras, pobres, inválidas ou idosas, foram deixadas para trás. A nação mais poderosa do globo, com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a US$ 12 trilhões, não conseguiu proteger seus cidadãos menos favorecidos.
Segundo o censo oficial de 2004, 12,7% dos americanos, ou 37 milhões de pessoas, vivem na linha de pobreza; 45,8 milhões de pessoas não possuem qualquer tipo de proteção social. Na área educacional, outro dado chocante " apenas dois terços dos adolescentes terminam o segundo grau. Entre os negros, a média é ainda pior, só a metade termina o estudo básico. É um paradoxo " o país que levou o homem a Lua e que deseja a todo custo espalhar pelo mundo sua visão de democracia não consegue lidar com problemas como a exclusão social e a pobreza.
A mesma democracia que, após os atentados de 11 de setembro, desencadeou uma política de cerceamento na qual divergir publicamente do presidente da República era sinônimo de traição a pátria. Até hoje, com quase dois mil soldados americanos mortos em combate, jornais e emissoras de TV dos EUA acatam o compromisso de não fotografar os seus mortos, feridos graves ou caixões envoltos com a bandeira nacional. Em meio à desolação e ao sofrimento de milhares de vítimas do Katrina, a administração Bush tentou colocar em curso a medida "acesso zero", que visava proibir o fluxo de imagens da real extensão da tragédia.
Em meio à ignorância da opinião pública, diante do cerceamento de informações, Bush e sua trupe saem pelo mundo no papel de líderes mundiais. Classificando estes ou aqueles como integrantes do "Eixo do Mal", invadindo países, ignorando tratados climáticos importantes, como o Protocolo de Kyoto, capitaneando negociações comerciais que só atendem seus interesses " sob pretexto de combater o terrorismo e preservar o crescimento econômico. Parece que, em ambos os casos, a administração Bush caminha para um fracasso retumbante. O Katrina mostrou a face dos Estados Unidos, uma potência econômica que vende sonhos de liberdade, mas na prática penaliza e oculta a realidade dos menos favorecidos, sejam eles americanos ou não.
*Arnaldo Jardim é engenheiro e deputado estadual (PPS).
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Greve dos servidores públicos da Saúde no estado pauta 130ª Sessão Ordinária da Alesp; assista
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações