Evitar acidentes, mortes e prejuízo

Opinião
21/12/2006 17:25

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Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Esta época de virada de ano, tão favorável para se fazer reflexões e planos, aconselha cada pessoa a pensar em como evitar alguns dos milhares de acidentes que ocorrem a cada ano em ruas e estradas do Brasil. É incrível o número de perdas de vidas e de volume de dinheiro com os desastres. São cerca de 40 mil mortes por ano, se forem contados os acidentes que acontecem em todos os Estados. Mais de 500 mil pessoas ficam feridas. As despesas anuais com essas ocorrências representam mais de R$ 30 bilhões. Vale a pena idealizar uma prevenção. E todos deveriam dar sua contribuição.

Tenho advertido sobre os riscos que as pessoas correm ao não terem prudência para dirigir veículos ou para atravessar ruas, avenidas e rodovias. Esse perigo aumenta quando os motoristas ingerem bebidas alcoólicas: está provada a incompatibilidade entre o álcool e o ato de dirigir um veículo.

Os gastos do País com tantos acidentes significa desperdício de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Entre julho de 2004 e junho de 2005, houve cerca de 372 mil desastres nas rodovias brasileiras, somando-se as federais, as estaduais e as municipais. Ano Novo, tempo de economizar e sobreviver!

Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Departamento Nacional de Trânsito, divulgada recentemente pela Associação Nacional de Transportes Públicos, alerta para esse grave problema e destaca não só as mortes como também os prejuízos financeiros.

No Estado de São Paulo, quase todas as rodovias apresentam qualidade, principalmente aquelas de duas pistas e de constante vigilância, mas a segurança ainda deixa a desejar, por conta de motoristas e pedestres sem cuidado. Em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e outros Estados, surgem péssimas estradas federais: esburacadas e quase sem asfalto. Não bastasse isso, os motoristas nem sempre adotam providências pela segurança.

O superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Marcos Bicalho, comentou: "As mortes e os gastos com acidentes nas estradas são perfeitamente evitáveis. Governos e sociedade precisam agir." Sem dúvida. Por parte dos governos, a solução está em investimentos em obras rodoviárias, enquanto cabe à sociedade pensar sobre o rumo tomado por seus motoristas.

Em tempos de virada do ano e de Carnaval, por exemplo, o consumo de álcool aumenta. Férias e fim de semana prolongado têm sido um convite à imprudência. E isso representa tragédias e despesas. A perda anual com os acidentes nas estradas paulistas representa mais de R$ 3,3 bilhões. Cerca de 90% dos gastos com os feridos são pagos com dinheiro público. É dinheiro que os governos poderiam aplicar em escolas ou mesmo nas próprias rodovias.

Estamos perdendo uma guerra! Cada cidadão paulista, ao entrar em seu carro para viagens nesta época, deve pedir a proteção de Deus e também agir em defesa de sua vida, assim como da vida de seus familiares e de qualquer vítima em potencial.

O Brasil não sabe o que é participar de uma guerra de verdade, como a atual convulsão no Iraque e os inúmeros conflitos na África. As 40 mil mortes anuais registradas no trânsito do Brasil correspondem às perdas dos Estados Unidos em 10 anos da Guerra do Vietnã. O governo e os parlamentares podem e devem impor uma revolução cultural, envolvendo educação, justiça, fim da impunidade.

O Instituto Médico-Legal de São Paulo prova que 70% dos mortos em acidentes são pessoas embriagadas. E ainda há quem não preste atenção no absurdo representado por tantas propagandas de cerveja que estimulam os jovens a consumir bebidas alcoólicas. No Brasil, a cada ano, os adolescentes bebem cerveja mais cedo: aos 12 ou 13 anos de idade. O álcool caminha ao lado de drogas ilegais, como maconha e cocaína. Para quem dirige automóvel, isso é perigo na certa. Os pais desses jovens deveriam ficar mais atentos.

A mais extensa rodovia brasileira, a BR-116, que liga o Ceará ao Rio Grande do Sul, passando por 10 Estados, é também aquela que apresenta maior número de acidentes, segundo as pesquisas. Um dos trechos de grande risco dessa estrada está situado em nosso Estado: a Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba e que ainda tem 50 quilômetros sem duplicação. Falta de ação do governo federal e absurdas intervenções de ecologistas emperraram as obras perto de Juquitiba. Nesta virada do ano, porém, a BR-116 não é a única rodovia perigosa. Afinal, o perigo está dentro de nós. Que tal pensar nisso? Feliz 2007!

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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