Conhecidos como perigosos e violentos, os cães da raça Pit Bull têm sido alvo de debates na grande imprensa entre especialistas, criadores e amadores. Em defesa da vida dos animais, o deputado Feliciano Filho (PV) presidiu, nesta terça-feira, 11/9, uma audiência pública com o objetivo de explicar o comportamento agressivo da raça. Compuseram a mesa o veterinário e membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Luiz Henrique Filipi, o presidente da Federação de Cinofilia do Estado, Paulo Costa, o representante da Organização Cão Cidadão, Cristian Jiatti, e o membro da Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis (Apasfa), Luiz Scalea.

Com o título Pit bull, vilão ou vítima?, o deputado abriu a audiência com uma matéria que mostra a criação de pit bulls por especialistas e amadores. Para Feliciano, a maneira como o cão é criado, como o espaço adequado, o carinho dos donos e a boa alimentação, influenciam diretamente a conduta do animal. A pureza da raça é o ponto de partida para saber se o cão tem tendência a ser agressivo, ou não. "Precisamos acabar com a miscigenação. O mercado paralelo também é um grande erro, pois as pessoas vêem os animais como uma mercadoria, deixando de lado coisas importantes, como a criação saudável, com amor, e a preservação do pedigree", alertou o presidente da Federação de Cinofilia, Paulo Costa.

O veterinário Luiz Filipi salientou a importância da seleção que o criador faz. "Em qualquer raça há agressividade, inclusive nas de pequeno porte, mas precisamos saber o motivo desse comportamento. Por isso é importante conhecer a origem do animal". Para Filipi, o homem, muitas vezes, não entende a linguagem do cão, e isso acaba refletindo no seu dia-a-dia, até que o animal age com agressividade. Outra questão discutida pelos especialistas é o corte das orelhas. "A audição dos cães é muito superior à nossa. Quando cortam a orelha, a sensibilidade fica aguçada, fazendo com que o cão fique irritado", explicou o parlamentar.

Costa sugeriu o cadastramento dos cães, através de microchip ou tatuagem. "Se houver uma lei que obrigue a identificação do animal e do criador, vai ser mais fácil localizá-lo através do mapeamento. Servirá também para o controle da raça". Cristian Jiatti disse que hoje há maneiras de avaliar o cão e o dono, justamente para saber se há condições para a criação.

O representante da Apasfa, Luiz Scalea, chamou atenção para o tráfico de animais: "Eles não são mercadorias, são vidas", defendeu.

Após os ataques veiculados na mídia, muitos cães estão sendo abandonados nas ruas ou no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). "Há um preconceito muito grande com o cão, devido à fama injusta de que ele é violento. O que precisamos deixar bem claro é que o cão é a vítima, e o dono, o vilão. Chegamos a este consenso hoje", concluiu o deputado.

Feliciano Filho é fundador e presidente da União Protetora de Animais (UPA). Apresentou dois projetos de lei na Assembléia Legislativa: um estabelece a criação de uma Comissão Permanente de Defesa dos Direitos dos Animais (PL 36/2007) e o outro sugere o controle de natalidade de cães e gatos através da castração, substituindo a eutanásia (PL 700/2007). Ele solicitou, também, a implantação de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Animais.