Dando continuidade à 4ª Semana Orlando Villas Bôas, e ao 6º Fórum Nacional de Identidade Brasileira, o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) promoveu nesta quinta-feira, 27/4, o debate sobre A Questão da Identidade Brasileira, que abordou o tema "Visão do Paraíso e Identidade Nacional: Homenagem a Carlos Jacchieri". O debate, mediado pelo geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) José Pereira de Queiroz Neto, contou com a participação da professora e historiadora da USP e da Universidade São Marcos Laima Mesgraves, que falou sobre a identidade do Brasil na época do Descobrimento.

Laima falou sobre o forte preconceito já existente naquela época e sobre a criação da necessidade de o Brasil se tornar uma colônia mais populosa e "branca", já que a população era composta majoritariamente por índios e africanos " os únicos brancos eram os portugueses. Segundo a professora, por ser considerado um país primitivo e violento, era difícil a imigração de portuguesas no Brasil.

A professora abordou ainda a questão da brasilidade. "Os únicos brasileiros de verdade são os índios, os primeiros habitantes do Brasil. Nós somos uma mistura de raças." A historiadora disse ainda que os brasileiros do século XIX eram considerados sérios e retraídos, "mas a convivência com os índios e negros, que tinham uma personalidade mais descontraída, nos tornou mais alegres".

Para a professora, é natural que tenhamos dúvidas sobre a nossa identidade. "Afinal, temos apenas 500 anos. Mesmo em 1500, quando existiam apenas os índios por aqui, havia uma miscigenação de culturas e costumes. Eram centenas, milhares de etnias, e cada uma tinha seus costumes. As diferenças foram facilmente percebidas pelos portugueses."

Os eventos comemorativos da Semana Orlando Villas Bôas se encerram nesta sexta-feira, 28/4, às 16h, com o debate A Questão Indígena, abordando o tema "Conflitos de Terras", que terá como mediador o advogado e bacharel em Filosofia Noel Villas Bôas, filho de Orlando Villas Bôas.

Carlos Jacchieri

Professor, ensaísta, artista plásticos, cenógrafo e político, Carlos Jacchieri (1921-2005) coordenou centros de estudos, fundou o movimento cultural O Labirinto, lecionou em universidades e é autor de 11 livros, entre eles Os Deuses Não Eram Astronautas e A Infância da Arte.

Jacchieri foi o primeiro cenógrafo do Brasil e participou da implantação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e do Teatro Guairá (Curitiba). Aos 79 anos, fundou o Conselho Brasileiro de Cultura e Civilização (CBCC), que junto aos membros da Alesp e do ILP idealizou o Fórum de Identidade Nacional e o Centro de Estudo da Conjuntura Sociopolítica Orlando Villas Bôas. Como artista plástico, Jacchieri produziu telas, vitrais, esculturas e murais por todo o Brasil, como na Catedral da Sé, em São Paulo, na Catedral de Aparecida do Norte, interior de São Paulo, e no Banco Itaú, em Curitiba.