A Comissão de Assuntos Metropolitanos da Assembléia ouviu ontem, 21/9, as explicações de Paulo Mondin Gomidi, assessor da Empresa Municipal de Transporte Urbanos (EMTU), sobre a "Consciência da Região Metropolitana", uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Administração da USP (Fia-Usp) e Fundação Escola de Sociologia e Política que demonstra como o uso do transporte coletivo, ou a sua ausência, influenciam o cotidiano das pessoas.

Segundo Gomidi, a pesquisa mostra claramente que as pessoas que moram em locais mais afastados dos grandes centros urbanos são mais solidárias. "Isso ocorre porque todos se conhecem." Por outro lado, a ausência do transporte coletivo é um grande obstáculo para aproximar essas pessoas das regiões metropolitanas, "propiciando, em alguns casos, o ingresso dos menos favorecidos à marginalidade".

Em São Paulo, a responsabilidade pelo transporte público metropolitano é de competência da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, que atende às três regiões metropolitanas (de São Paulo, da Baixada Santista e de Campinas), onde vivem cerca de 21,5 milhões de habitantes e se concentram 64% do PIB estadual e 23% do nacional.

"Conforme constatamos, 41% da população não sabe como chegar a Guarulhos ou Osasco, duas das maiores cidades da região; 38% não sabe ir a Santo André; 27% não sabe ir ao Ibirapuera; 18% não sabe ir à av. Paulista, um dos símbolos da metrópole; e 12% da população não sabe chegar ao centro da cidade de São Paulo. Isso é mais impressionante considerando que grande parte da população mora em uma cidade e trabalha em outra", exemplificou Gomidi.

O grau de desconhecimento da população em relação à rede de transportes mostra como é importante fazer com que a informação chegue ao usuário, para que ele possa fazer melhor uso da integração do sistema, economizando tempo e dinheiro. Para isso, todos os recursos devem ser utilizados: campanhas, consultas pela internet ou distribuição de mapas com informações claras sobre os itinerários e serviços.

O que mostra a pesquisa

A pesquisa aponta que a opinião da população nem sempre é levada em consideração. O transporte público tem significados que ultrapassam a questão de uma mera prestação de serviços: "o transporte é um dos braços do poder público mais próximos da população, que define os limites do bairro, quer seja restringindo ou ampliando esses limites, e constitui um verdadeiro símbolo das relações metropolitanas, tão impessoais e, ao mesmo tempo, tão próximas".