Matança na guerra diária dos motoboys

É curioso. A motocicleta foi inventada para ser um veículo rápido, ágil e econômico, capaz de ser uma alternativa em relação ao automóvel, tanto para o transporte quanto para o lazer. Na prática, porém, o que se vê nas maiores cidades paulistas é algo que contraria o princípio do benefício das motos: o instrumento do bem pode ser o caminho do mal. No município de São Paulo, por exemplo, cerca de 320 motoboys morrem por ano, em conseqüência de acidentes de trânsito. Esse total corresponde à lotação de um avião Jumbo, o Boeing 747: é como a cada ano, um desses aparelhos, lotado, caísse, sem deixar sobreviventes. Ou ainda: o balanço anual de mortes de motoboys nas ruas paulistanas está próximo ao número de mortes de cada mês na sangrenta e interminável guerra do Iraque.
Se morrem 320 motoboys por ano, temos uma média de quase um por dia! A cada dia, um trabalhador tomba morto na maior cidade de um país que, ao que consta, está em tempos de paz. De quem é a culpa? O que se pode fazer para tornar menos absurda essa verdadeira tragédia?
Por uma ironia, os motoboys que morrem no trânsito usam as motos como meio de sobrevivência, como ganha-pão, e não como veículo capaz de levá-los ao trabalho ou garantir o lazer. Em vez de sobrevivência, ocorre a morte, tudo por causa da falta de regras que tomou conta do relacionamento entre os motoqueiros e os motoristas de automóveis, caminhões e ônibus. Nas ruas, existe um verdadeiro duelo em que muitos perdem a razão. E perdem a vida.
O presidente do Sindmoto, sindicato dos motoboys paulistanos, Aldemir Martins, admite: "No duelo das ruas, cada um quer defender o seu território." Os motoboys aceleram: quando mais correm mais ganham, no trabalho de fazer entregas. Em média, cada um ganha R$ 6,50 por hora. Quanto mais rápido o motoboy for, maiores são as chances de pegar outro serviço e faturar. No fim do dia, são cerca de R$ 50,00. Por mês, descontados os fins de semana, dá um total em torno de R$ 1.000,00, o suficiente para ter uma vida precária, ainda mais para um motoboy casado e que tem filhos.
O problema está no fato de as autoridades nada fazerem para combater essa loucura. Recentemente, a Prefeitura de São Paulo tentou impor um kit aos motoboys para tentar organizá-los e, com isso, impor regras e alguma segurança. Mas, inconformados com o preço que lhes seria cobrado pelo kit, eles promoveram um gigantesco protesto, paralisando a cidade.
Assim, todos os dias, quem sai pelas ruas de São Paulo vê uma infinidade de motoqueiros buscando espaço entre as filas de automóveis. Já que velocidade significa um risco maior, ninguém se surpreende quando o trânsito pára e aparece um veículo do Resgate para atender mais um motoboy ferido ou, em caso de acidente fatal, simplesmente para providenciar a remoção do corpo. Está na hora de acabar com isso. Motoboys entraram nessa profissão porque perderam emprego em outra atividade. São lutadores. Mas faltam cuidados.
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