O guri vai longe

Quem sai aos seus não degenera, diz o dito popular. A se tomar por verdadeira tal assertiva, conclui-se que o presidente da República não tem do que se queixar, ao menos em relação a Lulinha, como é conhecido o seu filho, Fábio Luís Lula da Silva. O rapaz é um espanto. Tudo indica que herdou do pai uma de suas características mais acentuadas: a esperteza. Seus negócios, impulsionados pela Telemar, seguem a todo vapor. Que Deus o ajude hoje e sempre, desde que seu progresso não decorra do tráfico de influência, como se suspeita no Congresso e em várias redações.
Não faz muito tempo, Lulinha era apenas um jovem biólogo desempregado, que garantia uns caraminguás no final do mês fazendo bicos no zoológico. Sua função era apresentar os leões, as aves de rapina e outras feras aos visitantes. Sua ascensão meteórica se deu a partir do momento em que ele resolveu criar uma empresa de jogos eletrônicos, junto com outros dois filhos de um velho companheiro do papai-presidente.
Uma das principais concessionárias de telefonia, a Telemar, não demorou a perceber que a Gamecorp era um excelente negócio. Em dezembro de 2003, ela injetou R$ 5 milhões na empresa do rebento presidencial. De lá para cá, a cada mês, lhe destina R$ 415 mil a título de patrocínio. O que resulta na bagatela anual de cerca de R$ 5 milhões. Lula da Silva nem pode ouvir falar no assunto. Irrita-se profundamente. Sente-se injustiçado. Diz que não tem nada a ver com os negócios do filho. Aliás, Luís Inácio nunca tem nada a ver com qualquer negócio suspeito, como se sabe. A culpa, quando ela existe, é sempre dos outros. Ela viaja tanto, faz tantos discursos, que é natural que não saiba de nada que não lhe convém.
Embora não seja tolo, como já se disse no primeiro parágrafo, são fortes as suspeitas de que Lulinha se beneficia, direta ou indiretamente, da esperteza do pai e/ou de quem o rodeia. O caso é cabeludo. E merece ser investigado em profundidade. Até porque o que a Telemar destina à Gamecorp anualmente, segundo o noticiário, equivale a 20% do que ela reserva para patrocínios e produções na Rede Globo.
De uns tempos para cá, deixou de ser pecado capital apontar o despreparo do presidente. É ele próprio quem diz ser avesso à leitura. Pouca gente neste país, para usar uma expressão que lhe soa familiar, teve tantas oportunidades para estudar como ele. Nem por isso pode ser acusado de tolo. Ao contrário. Desde de maio de 1997 " há quase nove anos, portanto ", ele recebe uma pensão mensal de R$ 4.294,12 (valor de hoje) por ter sido perseguido pela ditadura militar. Tudo porque, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, ficou preso por exatos 51 dias.
Segundo as contas feitas pelo jornalista Elio Gaspari, se, ao longo desse tempo todo, Lula tivesse deixado o dinheiro no banco, rendendo juros, teria acumulado mais de R$ 700 mil. O que significa dizer que, até agora, cada dia de cadeia do presidente custou R$ 13.865 à Viúva. Lulinha pode se queixar de tudo, menos da falta de exemplo.
Milton Flávio* é professor de Medicina da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
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