Simpósio discute o uso de energia solar em São Paulo
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Mais uma vez o aquecimento global esteve em pauta na Assembléia Legislativa. Autoridades políticas, técnicos, empresários e ambientalistas, todos empenhados em frear o efeito estufa, debateram nesta sexta-feira, 15/6, no auditório Franco Montoro, o tema da produção de energia solar como uma das alternativas para amenizar um problema que é de ordem mundial. A discussão ocorreu durante o Simpósio "São Paulo, a caminho do sol".
O deputado José Augusto (PSDB), que promoveu o encontro, é o autor do Projeto de Lei 326/2007, em tramitação na Assembléia Legislativa, que prevê a instalação de sistema de aquecimento de água por energia solar em edificações de natureza pública no Estado de São Paulo. "O evento tem o intuito de concretizar esse modelo e discuti-lo com a sociedade", explicou o deputado.
O vereador Gilberto Natalini (PSDB) também defende a obrigatoriedade da adequação à energia solar em edificações de uso coletivo como hotéis, motéis, pensões, clubes, escolas e academias. Para ele, além dos políticos, a participação da sociedade é fundamental."É primordial envolver o mundo acadêmico, empresarial e técnico - todos precisam unir forças", alertou o vereador. O mesmo ponto de vista é compartilhado pelo secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge. "Esse tema mobiliza desde a dona de casa até as mais altas entidades representativas do país", opinou.
Não só o Brasil, mas muitos países têm despertado para a gravidade do aquecimento da terra. José Roberto Moreira, do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP, é também membro do IPCC, órgão intergovernamental que estuda as mudanças climáticas. A instituição divulga a cada cinco anos relatórios de avaliação ambiental de extrema relevância, pelos quais a ONU chega a pagar 10 milhões de dólares. Dentre outros pareceres, esse documento aponta que a matriz solar no Brasil é limpa, mas o desmatamento da Amazônia tem produzido quatro vezes mais gases de efeito estufa. "Há um consenso entre 99% da comunidade científica de que o efeito estufa é ocasionado pela ação humana", informou.
O problema é notório, e as autoridades têm se empenhado na busca de soluções que freiem o aquecimento. "Possíveis caminhos incluiriam o uso inteligente da energia no cotidiano", lembrou José Roberto, segundo o qual um veículo à gasolina emite 500g de carbono por quilômetro rodado, enquanto um carro a álcool produz 90g. Outra alternativa, defendida na reunião, é a utilização da energia solar como complemento da elétrica.
Segundo o especialista da USP, a captação solar para a produção de energia não é uma novidade. Quarenta e um países já utilizam essa tecnologia, e, entre eles, Israel (desde 1980). A Áustria vive à sombra da Alemanha e usa 17 vezes mais a energia solar que o Brasil. Há um consenso entre os estudiosos do tema sobre a necessidade de se quebrar o paradigma conceitual entre os brasileiros, o que resultará numa implantação bem sucedida do novo modelo.
O Estado de Minas Gerais se destaca como o maior usuário, há 30 anos, da tecnologia solar. A capital mineira é beneficiada porque é sede do Centro de Referência da PUC e conta com um parque industrial muito desenvolvido. Além disso, a Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig) investe em programas de instalação e monitoração de sistemas de aquecimento solar em prédios para testar seus desempenhos. As construtoras da cidade também contemplam em seus projetos de base a composição híbrida: solar e elétrica. Plantas novas já vêm com inclinação para o norte, o que maximiza a instalação dos equipamentos. "O prédio sai pronto para receber a energia solar, e esse é o grande pulo do gato em Minas Gerais. Isso ainda não acontece em São Paulo", ressaltou Carlos Faria, coordenador da Iniciativa Cidades Solares.
Resultados positivos
O alto custo dos investimentos feito pelo Brasil em hidrelétricas foi enfatizado pelo deputado José Augusto. Esse orçamento poderia ser reduzido se fosse complementado pelo recurso solar. A viabilização do projeto, no entanto, só será possível depois de uma transformação nos hábitos. "O modelo solar é simples e fácil, mas é preciso rever a questão cultural. Às vezes a tecnologia se torna uma barreira", completou o parlamentar.
Délcio Rodrigues, pesquisador associado ao Instituto Vitae Civilis, confirmou esse ponto de vista ao relatar que 67% dos lares brasileiros estão acostumados ao chuveiro elétrico, o que provoca picos de energia residenciais. Ele informou que a maior demanda elétrica ao longo do dia é por volta das 19h, quando os metrôs ficam mais congestionados e um número maior de pessoas toma banho. "Se não for produzida energia elétrica suficiente, poderemos ter um apagão. A substituição dos chuveiros elétricos pelo sistema solar reduziria muito esse risco", falou Délcio.
"O aquecimento de água é responsável por 30% da conta de luz, mas esse percentual passa desapercebido da maioria. A população é atraída pelo preço baixo do chuveiro na hora da aquisição e se esquece que o uso permanente se torna caro", frisou Carlos Faria. Em Contagem, Minas Gerias, foi comprovada a economia mensal de R$ 51 nas 100 casas onde a PUC e a Eletrobrás instalaram o sistema de aquecimento solar. O impacto desse resultado é porque a renda média dessas famílias é de três salários mínimos por mês.
Outra vantagem apontada por Délcio diz respeito à emissão de CO2. O Brasil reduziria seu nível num total de 1,3 tonelada/ ano. Enquanto estudos revelam que o custo para fazer a mitigação, ou seja, frear o aquecimento, geraria em torno de 1,3% da variação do PIB mundial entre 2007 e 2030, a implantação do sistema solar permitiria a economia de R$ 20 bilhões anualmente.
Ajustes necessários
Os palestrantes apóiam o projeto e acreditam que o uso da energia solar é a alternativa para o futuro, mas advertem sobre a necessidade de alguns ajustes. Ao emitir seu parecer, Douglas Messina, do IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, destacou a parte técnica e a legislação como focos de atenção das autoridades. "O desempenho dos equipamentos e a segurança na instalação devem se observados", disse o perito. O sistema de aquecimento solar disponível no mercado é composto por um reservatório e uma placa coletora.A interface com a edificação, que consiste em acoplar o sistema às partes elétrica e hidráulica do prédio, tem que ser feita de forma adequada. A lei também precisa ser mais criteriosa quanto ao uso residencial", reforçou Messina.
O desperdício de água tratada no ato da mistura, a qualidade dos equipamentos, o desenvolvimento de dispositivos, a previsão de uso solar em novos prédios e a verificação da economia real para o consumidor foram outros pontos abordados pelo especialista para a devida adequação.
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