Comissão de representação ouve técnicos do Metrô para apurar causas do acidente na linha 4


A comissão de representação formada para acompanhar as investigações do acidente da linha 4 do Metrô reuniu-se nesta quarta-feira, 7/2, para ouvir depoimentos de Ciro Mourão, coordenador de fiscalização de obras do Metrô, José Roberto Leite Ribeiro, chefe do canteiro de obras da estação Pinheiros, e Marco Antonio Buoncompagno, ex-gerente de construção da linha 4.
Logo após a abertura dos trabalhos, o líder do PT, deputado Enio Tatto, reiterou a decisão do partido de se retirar da composição da comissão de representação. No entanto, o coordenador da comissão, deputado Valdomiro Lopes (PSB), garantiu o uso da palavra ao petista Adriano Diogo, por ser membro da Comissão de Transportes e Comunicações, que convalidou as convocações, uma vez que uma comissão de representação não dispõe de tal poder. Adriano usou seu tempo para ler documento da bancada petista que acusa a base governista de obstruir os trabalhos de investigação e trechos de uma carta do geólogo Kenzo Hori, ex-chefe do Departmento de Projeto Civil do Metrô. "O NATM (New Austrian Tunnelling Method) não era o método mais indicado para a execução dos túneis nesse local, tanto que, na previsão inicial do projeto de concorrência, os túneis eram para ser executados pelo Shield EPB de última geração", dizia o documento.
O primeiro técnico a ser ouvido pelos membros da comissão de representação " quando os deputados petistas já haviam se retirado do plenário Tiradentes " foi Ciro Mourão, engenheiro coordenador de fiscalização de obras. Mourão, que atua no Metrô há 21 anos, afirmou ser coordenador de uma equipe de 10 engenheiros e seis técnicos responsável pela fiscalização das obras da linha 4, em seus 12,8 quilômetros de extensão, os quais totalizam 24 pontos de obras e 20 frentes de túneis.
Ele afirmou que, desde o início das obras, são realizadas visitas diárias em todas as escavações e que "em Pinheiros, não havia nenhuma evidência de risco iminente, nenhuma não conformidade". A movimentação de terra constatada antes do desabamento foi considerada por Mourão como algo rotineiro. "Antes de um túnel ser concluído e estabilizado, é normal que haja uma movimentação da parte inferior de suas paredes. Quando isso ocorre, usa-se uma técnica chamada pregagem, com tirantes e placas de concreto que normalizam a situação." Disse ainda que, quando houve o acidente, o procedimento havia sido apenas iniciado.
Mourão descartou a hipótese de que uma detonação de explosivos tenha causado o desabamento, já que a técnica chamada fogacho causa apenas rachaduras nas rochas, que são retiradas por máquinas. Além disso, o coordenador de fiscalização explicou que o fogacho foi utilizado em um túnel de via, de menor diâmetro e completamente estabilizado. Em sua opinião, o desabamento deve ter se iniciado no túnel da estação, de maior dimensão.
O deputado Waldir Agnello (PTB) peguntou como o acidente ocorreu sem que pudesse ter sido previsto. O coordenador de fiscalização do Metrô disse que seria leviano e pouco profissional de sua parte especular sobre os fatores que causaram o acidente antes de conhecer as informações que estão sendo colhidas por peritos. "Estamos todos ansiosos para saber as causas, inclusive porque pode ser necessária a alteração de itens do projeto", explicou.
Inspeção visual
Respondendo a perguntas de Nivaldo Santana (PCdoB) e Orlando Morando (PSDB), Ciro Mourão afirmou que as inspeções realizadas sob sua coordenação eram exclusivamente visuais, pois o controle de qualidade do concreto e a mensuração de movimentos de terra eram realizados pela JBA Engenharia e pela Birô Engenharia, empresas contratadas pelo Consórcio Via Amarela. Ressaltou que todos os dados eram disponibilizados ao seu departamento, mas que não havia nenhum tipo de confronto das informações colhidas pelas empresas contratadas com testes realizados pela própria equipe técnica do Metrô.
Comparando a realização da linha 4 com as linhas 2 e 3, nas quais também atuou, Mourão considera adequado o sistema de contratação turn key. Ele disse que foram necessárias adaptações no modo de trabalhar, mas que se sente à vontade com o modelo. "As empresas são as mesmas, só que antes era o Metrô que contratava, e agora é o consórcio. A monitoração é a mesma, não há diferença de fiscalização."
A deputada Analice Fernandes (PSDB) perguntou se havia rachaduras na estação ou algum indício de anormalidade. "Não havia nada de diferente", respondeu o engenheiro. "Todos nós estamos perplexos." Com relação às rachaduras nas casas sobre as escavações, ele explicou que são previsíveis em um ângulo de 45 graus sobre os túneis. "Ocorre uma movimentação de terra que é monitorada. Os moradores são avisados e os danos são reparados."
Segundo Mourão, o fato foi absolutamente imprevisível, tanto que os engenheiros e operários estavam na obra quando ocorreu o desabamento, sendo que a evacuação dos túneis pelos operários ocorreu apenas "segundos ou minutos" antes do desabamento: "Foi um "vamos sair fora, vamos correr"".
"Não foi erro do projeto"
O engenheiro José Roberto Leite Ribeiro, chefe do canteiro de obras da estação Pinheiros do Metrô, trabalha na companhia há 35 anos e acompanhou a construção da linha 3. Ele disse aos membros da comissão que participou da proposta de elaboração da linha 4, financiada pelo Banco Mundial (Bird). "Aprovado o projeto, após a contratação do consórcio para a execução da obra, fui designado para promover a fiscalização dos trabalhos com as ferramentas que o edital do contrato permite. O papel dos técnicos do Metrô é fazer o consórcio cumprir o estabelecido em contrato. E o meu papel é fazer uma gestão do contrato por meio de uma equipe, usando os instrumentos disponíveis para exercer a fiscalização em sua plenitude", declarou Leite Ribeiro.
Em resposta à afirmação do deputado Nivaldo Santana de que o Metrô passou a responsabilidade de fiscalizar aos consórcios, o engenheiro Leite Ribeiro disse que a companhia jamais perdeu sua prerrogativa de fazer com que o consórcio obedeça o estabelecido no contrato, detalhando os procedimentos executivos da obra se for o caso.
Sobre o problema das casas do entorno da construção da estação Pinheiros, Leite Ribeiro esclareceu que o desconforto é inerente à construção e que o aparecimento de rachaduras em várias residências é uma conseqüência normal da acomodação do solo.
Questionado pelo deputado Roberto Morais (PPS) sobre as razões do desabamento, o engenheiro disse: "Não foi erro de projeto. Se assim fosse, os dois lados do túnel teriam desabado. No entanto, o lado do Butantã continua preservado", disse o chefe do canteiro de obras.
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