Frente parlamentar percorre a Cracolândia e visita centro de recuperação
21/06/2011 21:33






Os deputados da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack estiveram na manhã desta terça-feira, 21/6, na região da Cracolândia, local no centro de São Paulo, próximo à estação Júlio Prestes, onde há grande concentração de usuários de crack.
Os parlamentares percorreram várias ruas da região da Luz e inspecionaram uma casa em ruínas na alameda Dino Bueno, local que é utilizado para o consumo de drogas e ainda abriga alguns cômodos que servem de residência improvisada.
O tenente coronel Bazela, comandante do batalhão da Polícia Militar responsável pelo patrulhamento da área, acompanhou a visita e forneceu dados aos integrantes da frente. Segundo Bazela, perto de 350 usuários moram na área, mas a população aumenta à noite, quando outros consumidores e traficantes circulam pela região.
"A polícia tem feito um trabalho sistemático de repressão ao tráfico e controle da criminalidade na área. Neste ano já tivemos 42 prisões em flagrante de traficantes, 34 capturas de foragidos da Justiça, 21 prisões em flagrante por roubo e 17 por furto. Nosso trabalho precisa estar integrado com outras ações do Poder Público, pois hoje enxugamos o chão com a torneira aberta", reclamou.
Durante a visita à área central, os parlamentares também ouviram moradores de prédios residenciais próximos à região, que se queixavam da ausência do Poder Público para tratar do problema. "Toda vez que aparece uma autoridade nós relatamos a dificuldade por que passamos. Não conseguimos mais utilizar a porta de serviço do nosso prédio, pois ela está tomada pelos crackeiros", relata moradora de um edifício na praça Júlio Prestes.
Amparo aos usuários
Os membros da frente, durante a visita, atenderam a pedido de um menor de 12 anos para ajudá-lo a abandonar o vício. O menor foi levado para o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), onde passou por avaliação física e psicológica, recebeu roupas novas e foi cadastrado para futuro contato com a família. O menor deverá ser encaminhado a instituição na cidade de Caçapava, a pedido do deputado Afonso Lobato (PV), onde deverá receber tratamento e escolarização. Os deputados também visitaram o Cratod para verificar os recursos disponíveis para quem deseja abandonar o vício. Na instituição foram recebidos pelo psiquiatra Mauro Aranha, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), e pela diretora técnica do Cratod, Marta Ana Jezipersk.
Os profissionais apresentaram o quadro atual de atendimento ao adicto e relataram as dificuldades para a ampliação do atendimento, como a falta de leitos psiquiátricos nos hospitais gerais públicos; a escassez de profissionais qualificados e o número insuficiente de centros de atenção psicossocial (Caps).
O coordenador da frente parlamentar, deputado Donisete Braga (PT), considerou a diligência como positiva e impactante. "Uma coisa é você conhecer a realidade através de imagens, outra é visitar o local, ter contato com as pessoas, conversar com o policiamento e com os profissionais que atendem esta demanda social".
Ao ser questionado sobre qual o papel que os parlamentares poderão desempenhar para a solução do problema, Donisete foi enfático ao afirmar que a frente atuará com vigor não apenas na cobrança do Poder Executivo, nos três níveis de governo, mas irá propor alternativas para pôr fim ao problema que, segundo Doniste é um péssimo cartão postal para São Paulo.
"Não queremos transferir a Cracolândia de local, não queremos uma Cracolândia itinerante, não podemos virar as costas para esta situação, faremos ações para eliminar o problema, como a que fizemos hoje ao resgatar o menor que nos procurou pedindo ajuda", enfatizou.
Situação nos municípios
De acordo com Donisete, a frente enviou questionário para os 645 municípios do Estado para fazer um diagnóstico preciso sobre a situação real de cada um deles em relação ao consumo do crack e saber quais as políticas públicas existentes para o combate ao tráfico e ao uso. "Com esses dados poderemos propor emendas ao Orçamento que contribuam de maneira efetiva para implementar ações que possam minimizar ou resolver o problema".
Para o deputado Orlando Bolçone (PSB), é necessário que a região seja urbanizada e os usuários possam ser resgatados. Bolçone relatou a experiência que teve ao participar do Poder Executivo em São José do Rio Preto. Segundo ele, a urbanização local possibilitou a transformação em uma praça de convivência para a coletividade um local que anteriormente era ocupado por traficantes e usuários. "A urbanização é essencial para a recuperação da área, e a oferta de serviços públicos deve vir integrada a essa ação", contou.
Falência e omissão do Poder Público foram as palavras utilizadas pelo deputado Olimpio Gomes (PDT), ao finalizar a visita. A situação dos moradores do local, segundo observou o deputado, é degradante e vergonhosa. "A polícia tem que agir de forma implacável na prisão dos traficantes que alimentam os usuários. É necessário um trabalho integrado entre a PM e a Polícia Civil, além do encaminhamento para o tratamento dos dependentes, mesmo que seja através da internação compulsória, autorizada pela Justiça. Muitos dos que encontramos hoje não têm condições de sair do vício por conta própria. É necessário que o Estado seja o seu tutor", defendeu.
Dever do Poder Público
Uma audiência com o governador e com o prefeito para discutir os caminhos para a solução da Cracolândia foi sugerida pelo deputado Fernando Capez (PSDB), que defendeu rigor nas medidas judiciais para colocar na cadeia os traficantes e agilizar a demolição das casas que servem de abrigo para os usuários. "Não podemos assistir uma degradação do ser humano desta ordem e ficarmos passivos. É necessário ampliar a rede de apoio ao usuário e combater com eficácia o tráfico".
"Chocante", desabafou o deputado Jooji Hato (PMDB) ao entrar em uma das casas abandonadas. Para o parlamentar, que é médico, nenhuma situação vivida por ele nos pronto-atendimentos foi tão escandalizadora quanto ver o local em que os usuários vivem e usam a droga. "O Poder Público não pode conviver com uma situação igual a esta, e nós, como deputados, temos o dever de pressionar as autoridades para que resolvam este problema", disse.
Falta de vontade política foi a alegação do deputado Edson Ferrarini (PTB) para explicar o surgimento e a manutenção de um local como a Cracolândia. "Sabemos que as demandas são grandes, mas o Poder Público tem que priorizar a resolução desta situação e criar ações que possam coibir o avanço da droga no Estado e atender o dependente. "Para mim, que atuo na área há 40 anos, o fundamental é que haja um programa de prevenção bem-estruturado e capaz de evitar o uso, pois uma vez instalado o vício, o resgate do indivíduo é muito difícil e oneroso", afirmou.
"Dois sentimentos estão presentes nesta visita, o de impotência e o de indignação. O de impotência diante de pessoas que, embora vivas, já perderam sua vida, estão sem esperança, sem expectativa. Indignação frente a uma situação que não poderia chegar a esse ponto e que deve ser combatida incansavelmente", afirmou o deputado Afonso Lobato, Segundo ele, a responsabilidade de encontrar saídas para o grave problema é do Poder Público.
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