A matéria possui um valor expressivo e intrínseco que é missão do artista fazer aflorar. A reconsagração estética da matéria, até mesmo a menos nobre, é uma conquista da arte contemporânea.

É sobre o filão das pesquisas mais avançadas que se movimenta a obra escultural de Luiz Antonio Cesário. O seu interesse e o seu respeito pela matéria são, antes de tudo, um fato instintivo que tem origem na sua afeição pelo metier, que o chama a medir-se com ela cotidianamente.

Assim, quando o artista se encontra na frente de um pedaço de ferro ou de aço martelado, de uma escória recém-saída da fornalha, o seu primeiro moto espontâneo é compreender o sentido dessas formas, a sua dimensão lançada no espaço, a projeção rítmica que elas podem determinar. Nasce, assim, a exigência de "ajudar" o fragmento de aço a se revelar, a se autenticar e a recuperar a substância ideal aprisionada em suas dobras, como o diamante nas vísceras de uma montanha.

Arquiteto e escultor, Cesário desejou salvar a beleza do objeto concluído, nesse caso uma chama simbólica. A sua intervenção se orientou de modo que essa beleza pudesse aflorar da maneira mais explícita. Tratou, em resumo, de alimentá-la, deixando-a flamejante, através das cores de nossa bandeira nacional.

Interpretar a realidade e transformá-la, dando vida a composições abstratas de sabor expressionista, foi a missão assumida por Luiz Cesário, que conseguiu criar uma estrutura monumental, "totêmica" e policromática, para dar vida a essa "chama", adoção imprescindível de todo ser humano.

Para o artista, a tecnologia permanece, ainda, como estrutura de um mito: o mito de um progresso da matéria que possui em si todas as potencialidades para se qualificar expressivamente.

A escultura A Chama da Liberdade, doada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo ao Museu da Escultura ao Ar Livre da Assembléia Legislativa, mostra um repertório de formas que se liberam com energia vital, se espiritualizam e irrompem inflamadas no espaço, conservando um que de misterioso, de ambíguo, conectado intimamente à sua estrutura orgânica.

O artista

Luiz Antonio Cesário, pseudônimo artístico de Luiz Antonio Cesário de Oliveira, nasceu em São Paulo, em 1960. É arquiteto, urbanista, escultor e cenógrafo.

Como escultor é autor de diversas obras públicas, entre elas o Conjunto Escultural à Paz e à Liberdade, composto de cinco esculturas em aço medindo em média 10 metros de altura, localizadas no Jardim Botânico do Estado de São Paulo; A Chama da Liberdade, escultura em aço com 9 metros de altura e 3 metros de diâmetro, localizada no Museu da Escultura ao Ar Livre, nos jardins da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; e O Portal do Terceiro Milênio, mural medindo 350 x 700 centímetros, criado para a sede da Sociedade Brasileira de Eubiose, no município de São Tomé das Letras, em Minas Gerais.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, entre elas: "500 Anos de Descobrimento", Museu Banespa; Museu de Arte Contemporânea da USP; Museu Federal de Arte Sacra, Rio de Janeiro; Colégio Espanhol de São Paulo Miguel de Cervantes; Fundação Anglo-Brasileira para a Cultura e Educação; Instituto de Cultura Alemã Hans Staden; Caixa Econômica Federal; Banco do Brasil; Philips do Brasil; Eletromídia; Ação da Cidadania (campanha do Betinho); Faculdade de Belas Artes de São Paulo; Sociedade Brasileira de Eubiose; Instituto Nacional do Patrimônio Histórico; Shopping Center Paulista; Espaço Cultural Mediterrâneo; Hotel Copacabana Palace; e Consulado da Dinamarca.