Dante Dado De Giácomi alcançou como escultor o que poderíamos chamar de uma ¨nova objetividade¨, através de uma lógica fatal que corresponde às exigências de uma definitiva visão do mundo. Uma visão do homem moderno, de um homem que observa desencantado ao mesmo tempo que participa da dor e do sofrimento, da angústia e da solidão.

Assim deve ser visto, compreendido e avaliado o escultor, porque somente assim podemos aprofundar e apreciar aqueles sentimentos plasmados em formas plenas de força, às vezes brutas, onde está presente uma certa rebeldia pelo sofrimento do ser humano, mas também de estímulo ao alcance das belezas da vida. Dado De Giacomi é um claro exemplo de quanto é importante a busca contínua daquela maturidade que é meta incansável de cada verdadeiro artista.

Exigência de síntese, potência expressiva interior e tensão dinâmica são elementos que implicam uma adesão espiritual aos tempos atuais. Dante Dado De Giacomi, encontrou o seu estilo, o seu caráter e uma sua autônoma potência de linguagem. Tudo isso encontramos nas suas dramáticas composições, onde a tragédia humana é dominada por um severo conceito de conjunto e o ¨pathos¨ rompe do seu interior, seja através da vibração espontânea da linha, seja através da tensão contraída das formas.

A habilidade artesanal desse escultor alcança hoje um grau de perfeição que lhe consente verdadeiras provas de virtuosismo. O refinamento, a plasticidade e o dinamismo das formas são acompanhados agora de uma nova qualidade, de um sentido de massa e dos volumes, de uma plenitude e uma coesão, de um peso e a uma expansão plástica equilibrados.

A escultura "Baiana Grávida", doada ao Museu da Escultura ao Ar Livre, reflete movimento e plena vitalidade, pois sua raiz firme e sadia é antes de tudo de natureza real. A sua veia poética abre-se a todo um mundo e, o que mais impressiona, a uma etapa mais avançada sobre o caminho que transforma o naturalismo em realismo.

O artista

Dante Dado De Giácomi nasceu em Brescia, cidade da Lombardia (Itália), em 1930. Aos 3 anos de idade, no jardim da infância, despontou sua veia artística, com desenhos de casinhas, montanhas e arvores. Aos 5 anos, começou a fazer bonecos de argila. Desde de muito cedo costumava visitar seu tio-avô Giuseppe Mastrocchio, escultor de grande renome, autor de inúmeros monumentos. Com ele, aprendeu a arte de manipular o barro, os segredos do bronze e a magia das esculturas e das artes clássica e barroca lombardas.

É formado em farmácia pela Universidade de Bologna, onde paralelamente estudou no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1957, transferiu-se para o Brasil, onde passou a freqüentar o ateliê de Gian Domenico Marchis e Maximo Rossi. Ao abrir o seu próprio ateliê, iniciou-se na elaboração de azulejos decorados, dos quais foi um dos precursores no Brasil. Em seguida, passou a trabalhar com cerâmica decorativa e cobre esmaltado. Aos poucos, o barro, a terracota e o bronze passaram a ocupá-lo na criação de suas esculturas.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se entre elas: Galeria André, São Paulo; Shopping Jardim Sul, Morumbi, São Paulo; Big Aras Tóquio, Japão; Maternidade das Carmelitas, Milão, Itália; Artistas Ítalo-Brasileiros (1993), Centro Cultural Alphaville, SP, e Rio Claro, SP; e Exposição Itália-Brasil, Masp, São Paulo.

Realizou diversos monumentos, entre eles "As Parcas" (encomendado pelo consulado da Itália), "Joana D"Arc", "A Baiana" (encomendada pela Pepsi Cola para a cidade de Salvador, BA), "Maternidade" e "São Francisco". O monumento "A Baiana" recebeu prêmio de destaque do "Jornal da Tarde" e o monumento "A Dom Quixote", medalha de bronze em São Bernardo do Campo, SP.